22.8.07

Pergunta de algibeira

Se os “verde-eufémios” tivessem decidido destruir um banco ou um centro comercial, será que a GNR também se ficaria a assistir impávida e serena?

Verde é a cor do Verão

Um bando de mimados invadiu o milheiral alheio e dedicou-se à destruição. A iniciativa, a cargo duma coisa obscura que atende pelo nome “Verde Eufémia”, teve a complacência da GNR que assistiu a tudo impávida e serena, como se nada tivesse a ver com o assunto. O propósito da iniciativa visava protestar (?) contra a introdução/produção de transgénicos, qualquer coisa de intolerável para os “verde-eufémios” como alguém brilhantemente os apelidou. Mau grado a ignorância grosseira sobre o assunto, coisa demasiado frequente nos assuntos ecológicos e ambientais junto de certas camadas políticas tidas como esclarecidas (?), ficamos também a saber que o movimento teve o beneplácito do Dr. Louçã, o líder espiritual de vários movimentos subversivos que lutam pelos direitos do milho, do chicharro e do cheiro da bosta de vaca. Eu nada tenho contra os verdes, os eufémios, os verde-eufémios e outras espécies bolorentas que gostam de tambores, de lenços, de fumar charros, do Trotsky e de incomodar a natureza com gritos e sons histéricos. Mas duas sugestões. A primeira para as autoridades: castiguem os meninos obrigando-os a plantar o milheiral que destruíram, de enxada na mão e saca às costas (o Dr. Louçã podia fazer de capataz do empreendimento, por exemplo). A segunda para os meninos: experimentem fumar outros tipos de folhas (transgénicas ou não, fica ao vosso critério) porque está mais que visto que aquelas que andam a consumir estão-lhes a destruir os neurónios, como infelizmente todos podemos constatar pela tristeza das imagens e das palavras dos seus responsáveis.

Sossegar a consciência

No Zimbabwe a situação é dramática. A fome alastra, a inflação dispara, o desemprego explode, mas o sr. Mugabe é aplaudido de pé na Zâmbia, no encontro das Nações Africanas. A fome no país é, aliás, uma realidade tão grave que até se fala num genocídio silencioso que não tem escapado a algumas organizações internacionais. Entretanto, o mesmo Sr. Mugabe que expulsou os brancos e arruinou num piscar de olhos a economia de um dos países mais prósperos de África, continua na sua vidinha como se nada fosse com ele, passeando-se e vivendo como a boa saúde recomenda.
Como é óbvio, o maldito sentimento de culpa dos europeus, fruto de uma colonização que serve de justificação idiota para tudo, tem muita a coisa a dizer sobre o assunto. A pouca-vergonha africana é, infelizmente, legitimada por este permanente fechar de olhos e com a injecção de milhões em subsídios e ajudas que vão directamente para as contas de dirigentes corruptos e criminosos. No fundo, dá-se dinheiro para acalmar a alma e sossegar a consciência. O resultado é o que se conhece.
Como é natural, o imbróglio só poderá ter um de dois fins. Ou se acaba de vez com esta teimosia e alarvidade, responsabilizando as classes dirigentes africanas pelo caos e salvando as pessoas desta arbitrariedade. Ou se espera que a fome silencie de vez o problema. Afinal, onde não há pessoas, não há crises. E muito menos ditadores para aturar. É uma outra forma de ver as coisas.

Isto não é para funcionar, é para ir funcionando

Dez helicópteros comprados pelo MAI para combater os fogos florestais só poderão ser utilizados daqui por três meses. Eis um sinal evidente que neste país as coisas não são para funcionar; são para irem funcionando: aos poucos, de quando em vez e nunca tudo ao mesmo tempo.

Estava enganado

Ontem estava mal informado. Parece que a auditoria que o Dr. Pereira quer pedir reporta-se aos anos de 2004, 2005 e 2006. Aqui fica a rectificação, já que deixa de fazer sentido aquilo parte daquilo que escrevi aqui.

21.8.07

Boa notícia

A confirmação da presença de Cavaco Silva no Funchal a 21 de Agosto de 2008, dia em que se comemoram os 500 Anos de elevação do municipio a cidade, é uma boa noticia. Representa o reconhecimento, por parte da nação, da importância da primeira cidade construída por europeus fora da Europa.

Começámos definitivamente em contagem decrescente. A programação avança, e avançará. a bom ritmo.

O próximo ano será de fundamental importância para a afirmação do Funchal enquanto cidade portuguesa, europeia e atlântica.

SL vive crise sem precedentes

Segundo o El Pais, o Second Life está moribundo. Sendo assim, as empresas que investiram alguns milhares de euros para estarem presentes no metaverse batem em debandada.

Ainda segundo o diário espanhol, apesar do sitio Oficial de SL ter apresentado, em Julho, um recorde de 8 milhões de residentes (hoje, serão já 8,999,529, segundo a mesma fonte), a verdade é que no mesmo mês só 1 milhão de pessoas frequentou o sítio. No dia em que o jornalista do El Pais escreveu o artigo, o metaverse estava virtualmente deserto, já que apenas 26 mil pessoas viviam a sua segunda vida.

O jornal espanhol não terá sido o primeiro a dar o alarme. Em Julho dete ano, o LA Times e a Inquirer tinham feito soar as campainhas. Mas a Wired. foi mais longe, tendo revelado que 85% dos avatars estavam ao abandono.

As lojas de roupa «American Apparel» e a cadeia de hotéis «Starwood & Resorts» já abandonaram a segunda vida. Os espaços da Dell, Sony, Reebook ou mesmo a NBA (Liga Profissional de Basquetebol Americana) estão vazios.

Fontes: El Pais; Meios e Publicidade;

Agora percebeu?

Então não é que o ex-vereador do PS, Carlos Pereira, quer nova auditoria à CMF?

Aparentemente, o senhor estava esclarecido, de tal maneira que sem ler a primeira auditoria já queria que Miguel Albuquerque perdesse o mandato.

Pelos vistos, afinal já não está tão esclarecido, pedindo uma segunda auditoria. Será que, por portas e travessas, o Dr. Pereira viu o resultado do relatório dos auditores e percebeu que se tinha precipitado?

Palácio de São Lourenço


Quinta Vigia


Avenida do Mar


Sé Catedral


Largo do Chafariz


Largo do Município


A Cidade do Funchal


(...)
A entrada da cidade
onde fizeram o cais,
á direita está o Pilar
onde botam os sinais.
Á frente vai o caminho
do porto atravessado,
que vai ter direito à praça,
ao açougue e ao mercado.
À esquerda ‘sta linda obra
(‘sta feita à vontade minha)
basta ela ter o nome
praça da nossa Rainha.
Ávante tem cinco fontes
mesmo pela natureza;
em cima delas está
Palácio da Fortaleza.
Está muito bem construído
com as suas bocas ao mar;
é aqui a residência
do Comando Militar.
Á direita as Obras Públicas
onde há senhores de bem,
mas trabalhos do Estado
bem poucos o Norte tem.
Mais àvante está o Passeio
colocado mesmo em frente,
onde se vê a passear
muita pessoa decente.
Á esquerda está o jardim
que é o recreio do Funchal,
foi feito pela Senhora
Câmara Municipal.
Na frente tem o Teatro
na mesma localidade,
é um edifício bonito
que dá importância à cidade.
Á direita está a Sé,
a casa da oração,
onde a gente vai orar
p´ra tratar da salvação.
A igreja é nossa mãe
na portuguesa nação.
Está em frente do Passeio
esta bela Catedral,
mais adiante se encontra
o Banco de Portugal…
(...)
São Pedro e Santa Luzia
e Santa Maria Maior
e as outras freguesias
que lhe ficam ao redor…
E ainda não falámos
num jardim de maravilha,
que é a floresta do Monte
a Sintra da nossa ilha;
o Monte está num jardim,
tem ali belos recreios
com calçadinhas bem feitas,
com bancadas e passeios.
Até o largo da Fonte,
onde está Nossa Senhora,
foi transformada de novo,
ficando mais belo agora.
Mas a esta freguezia
o que lhe dá maior valor
é a simpática companhia
do Comboio-Elevador.
Meus senhores, na verdade,
aquilo é um grande invento!
Estar a gente na cidade
e ir ao Monte num momento!
Foi p´ra nossa ilha inteira
um grande melhoramento!
(...)


Manuel Gonçalves (Feiticeito do Norte)

Funchal

hoje tive fome da cidade
da minha torre via o mundo pelos vidros
toldado pela cinza
da minha torre onde construo o mundo
é bom pairar na periferia
é só deslizar um pouco para dentro
e eis-me na cidade
na minha cidade enxameada pelas compras de natal
hoje chovia e tive fome da cidade
consegui estacionar o carro
e percorrer a salvo a rua de joão de tavira
atravessar rente à sé estava já o verde intermitente
comprar o jornal
sentar-me no apolo sem o ler
ouvir o mundo
ouvir a chuva a inundar o mundo


Carlos Nogueira Fino

...

a cidade tem língua
podes senti-la introspectiva na boca
se por acaso mãos
abstractas te aflorarem a linha das águas
ou dos olhos
e um mar incestuoso te envolver em labirintos
deita-se de coxas entreabertas
no tálamo das praças sob o dossel dos pássaros
e deixa correr apartando os cabelos a seiva
e a pressa das ribeiras
despida de buganvílias mas sôfrega
e tem braços
de mel
correndo nas axilas
sem sinais de pudor


Carlos Nogueira Fino

Funchal

Frente a Madeira cae la tarde
la clara tarde primaveral.
De sierra a sierra, de loma a loma
cuidad de sueños, sueña Funchal.
Nossa Senhora do Monte quiso
darle esta calma tan singular
y esta bahia, donde callada
orla de espuma le borda el mar.
Dadme una casa por la ladera.
Cien tardes quiero vivir acà.
Casa com huerto donde sus ramos
alce el florido jacarandà!
Nossa Senhora do Monte, pueda
esta hora frágil eternizar;
Gaviota…nube…sol que se pone….
vela que vuelve del vasto mar.
El mar en calma, que alegre espejo!
Mirante y sueña feliz, Funchal!
Gloria de un pueblo de navegantes!
Flor de los mares de Portugal!


Arturo Capdevila

Funchal


amo o outono nesta cidade
as pequenas casas de todas as cores
os campos de vinhas e cana de açúcar os pomares entre maio e agosto
dizes:
eis a tua cidade
a de zarco e colombo
as ruas tão inclinadas como o sol dos invernos profundos
os carros de cestos os caminhantes da encumeada.
eis-te no centro de tudo e os navios parados.
amo o outono nesta cidade com todas as viagens sem chegada.
na véspera já amara as verdes montanhas de leste
as chuvas abundantes
machico entre os seios de ana d'arfert.
depois voltei para sul e amei-te quando cantavas.
séculos antes navegadores de portugal deram-te um nome e era funchal.
depois queimaram as árvores e o mais alto incêndio era uma ilha.
escravos errantes pararam o sol e à volta serenamente e com paixão
espalharam o verde e o azul.
nunca cantaram o bailinho.
hoje
solitários e ébrios trabalham a pedra a beleza a fome e o turismo.
tu
envolta nas lendas e no sonho surgiste devagar e devagar
deste-me os mais belos frutos e os mais estranhos
as pitangas os araçás os maracujás e as romãs da primeira primavera.
eras mulher e quis chamar-te joana d'arc no outono de uma
cidade surpreendida.
foi então que vi a morte aproximar-se vinda do horizonte e cobrir o
pôr do sol das tuas tardes
vi morrerem a água a luz a leve sombra da palidez da tua fronte
vi as aves marítimas seguirem para longe em voo raso
e pela última vez
definitivamente só
eu amei o outono nesta cidade.


José Agostinho Baptista

20.8.07

Ilibou

O mesmo relatório ilibou Miguel Albuquerque das suspeitas provocadas pela acusação sobre alegadas "negociatas" na autarquia, uma situação suscitada por um desentendimento entre o autarca e o vice-presidente do executivo madeirense, João Cunha e Silva, o que motivou a realização da auditoria.

O insuspeito Público on-line termina assim uma das suas últimas notícias sobre a situação na CMF. Esclarecedor, ou não?