"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
27.9.08
É melhor não lançar foguetes antes da festa, mas...
Liberalizemos costumes
- Permitir casamentos poligâmicos, quer sejam entre 1 homem e várias mulheres (o céu é o limite), 1 mulher e muitos homens, muitas mulheres e muitos homens;
- Pemitir casamentos entre familiares próximos (como pais e filhos, irmãos e irmãs). Isto também é natural (a consanguinidade é comum nalgumas espécies) e afinal o estado não se deve intrometer na vida amorosa de cada indivíduo. Aliás, na Austrália, aqui há uns meses, um casal pretendeu o reconhecimento da sua relação e apenas as mentes obtusas, velhas, ignorantes e tacanhas australianas é que não entenderam a relação;
- Permitir a zoofilia (não está provado que esta parafilia derive de transtornos neuróticos). Também é natural, porque existem várias espécies que copulam com indivíduos de espécies diferentes. Aliás, quem nunca teve um cãozinho ou uma gatinha à perna???;
- Liberalizar as drogas leves. Mas também as pesadas, porque na moral privada, ninguém deve se intrometer. Para além disso, aos traficantes devem ser reconhecidos os direitos atribuídos aos demais trabalhadores.
Fico à espera de mais sugestões de costumes a liberalizar. E não me venham com prostituição e adopção por parte de homossexuais, porque essas já são questões menores e perfeitamente ultrapassadas.
Vá, juventudes partidárias arejadas, associações de gente progressista, façam as vossas propostas. Estaremos aqui para vos apoiar ou então eduquem-nos, pobres ignorantes...
O que querem, afinal, ILGA(s) e outros que tais
No mesmo encontro, também ouvi o líder da JS afirmar que é preciso "educar as pessoas". Para este imbecil (sim, porque a adjectivação fica-lhe bem e é possível provar que alguém que profere estes dislates, mais não é do que um imbecil, com graves problemas de compreensão), quem não concorda com as suas ideias "progressistas" é ignorante. É este o tipo de "socialista" e "socialismo" que Sócrates trouxe para o PS.
25.9.08
Diálogo - O Menino Ostra e a Menina Fósforo
Menina Fósforo (MF): Não. Acho que nada nos pode salvar. Não acredito no Tim e nos seus desenhos, nem em ti com o teu desejo. Não, creio que ninguém pode salvar-nos!
MO: E agora, esperamos o Inverno?
MF: Sim. Há de chegar. Em Outubro.
MO: E que farás no Inverno?
MF: Não sei. Diz-me tu...
MO: Saudarás a sua chegada?
MF: Anseio para que chegue!
MO: E depois?
MF: Não sei, diz-me tu como te aguentarás... Que farás se lhe seguir os passos, se me perder na neblina, se gostar do frio, se gostar que me toque outra e outra vez?
MO: Fecho-me, suponho eu.
MF: Fechas-te?
MO: Que me restará?
MF: Não sei.
MO: Só dúvidas, dúvidas e mais dúvidas! Não sei é tudo aquilo que consegues dizer?
MF: Sim. Já viste, consegui dizer sim!
MO: Tenho falado com o Tim, sabes? Talvez nos ajude mudando o desenho!
MF: Não acredito no Tim... Já te disse. Não existe nenhum Tim! Queres que te grite? Não existe nenhum Tim!
MO: De vez em quando acho que falo com ele. Sento-me e espero que me ordene, que me leve, que me desenhe outra e outra vez...
MF: Não ajuda...
MO: Talvez. Mas creio. Como creio que o Inverno não te levará...
MF: Se fosse a ti não tinha tantas certezas. Baixava as expectativas. Reforçava a guarda. Não acredito em ti, no Tim, nesta conversa... Se calhar, também não acredito no Inverno!
MO: Porque aguardas, então?
MF: Tenho de fazê-lo. Fui desenhada para o fazer...
MO: Desenhada por quem, pelo Tim?
MF: Não. Por mim!
MO: Resta-me esperar, também...
MF: Que remédio!
MO: Posso esperar contigo?
MF: Tu lá sabes...
MO: Vamos ver o mar. É lá que eu vivo. É de lá que sou, sabias?
MF: Achas que não?
MO: Era demasiado óbvio para que não o percebesses. Tenho algas e tempo agarrados à cara. Vou e venho com as marés. Cheiro a maresia.
MF: Já tinha notado...
MO: Vamos ver o mar?
MF: ...
MO: Até o Inverno?
MF: Até amanhã...
Diálogo irreal baseado em duas personagens de Tim Burton, roubadas ao livro O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e Outras Histórias. Uma obra infantil mas não aconselhada a crianças... A ler (o livro).
24.9.08
Ainda o casamento entre pessoas do mesmo sexo
Não tive tempo para confirmar, mas parece-me o reconhecimento das uniões de facto para relações homossexuais protege os seus direitos. Se assim não for, pois que se altere a legislação de modo a permitir uma equivalência de direitos em relações homossexuais, comparada aos casamentos. Crie-se um enquadramento legal e dê-se o nome que se quiser.
Não sou, portanto, contra a equivalência de direitos entre homossexuais e heterossexuais, que isto fique claro.
Sou contra, isso sim, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Tal como sou contra o casamento poligamico (seja ele entre um homem e muitas mulheres, uma mulher e muitos homens, muitos homens e muitas mulheres), ainda que reconheça o direito aos indivíduos de estabelecerem as relações que bem entenderem. Para mim, não está em causa a igualdade de direitos legais. A questão é mais ética e normativa (entendida de um ponto de vista ético).
A minha oposição tem a ver com o rigor dos conceitos e a defesa da instituição. Casamento, por definição, é uma união matrimonial entre um homem e uma mulher com vista à constituição de uma família. Assim sendo, não vejo qual é a necessidade de se alterar esta formulação que responde à norma, uma vez que anormal é a relação homossexual (atenção, é anormal, porque não corresponde à norma, mas que não deixa de ser natural - porque existe na natureza). Assim sendo, sou contra a alteração de um conceito/instituição, com vista ao capricho de uma minoria. Porque para os homossexuais que se amam verdadeiramente, desde que os seus direitos estejam salvaguardados, não me parece que lhes seja fundamental poderem casar.
Querem um contrato? Pois que se faça e arranje-se outra terminologia. Não me parece é haver necessidade de se anular toda a carga valorativa tradicional que se encontra no casamento apenas por caprichos. Porque a exigência do casamento entre pessoas do mesmo sexo não corresponde a exigência de direitos civis, legais, ou os que se queira. Há apenas a tentativa de abalar as instituições, o que para mim não é um argumento válido.
Tecnologias, Magalhães e notícias
Seguindo este ritual, hoje fui surpreendido pelo anúncio da presença de João Correia de Freitas na RTP, para apresentar (vender) o PC Magalhães.
Ora, a minha surpresa não foi a presença do professor universitário: a minha surpresa deu-se quando ouvi a sua apresentação: professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. É verdade que João Correia de Freitas é professor daquela faculdade. Mas não é apenas professor. O que o pivot esqueceu de dizer foi que João Correia de Freitas foi também gestor da extinta CRIE - Unidade de Missão de Computadores, Redes e Internet das Escolas, substituída, no ano passado, pela Tecnologias Educativas/Plano Tecnológico da Educação (ERTE/PTE), na dependêndia de Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação.
E se reconheço competência ao docente para se manifestar sobre as TIC (que foi um bom gestor do CRIE), não deixa de ser verdade que a omissão deliberada do anterior cargo teve apenas como objectivo reforçar a idoneidade do especialista. Não tenho dúvidas que João Correia de Freitas acredita nos encómios que teceu ao Magalhães. Mas também não tenho dúvidas que houve má-fé (no mínimo) na forma como foi construída a sua apresentação, uma vez que foi prestada informação sobre apenas parte da sua actividade profissional. E a restante informação também era relevante, para esclarecimento dos telespectadores.
Também hoje fui informado que o Magalhães não é totalmente gratuito para os benecifiários de Acção Social Escolar (ASE). Parece que as famílias terão de pagar 5,00€ durante 36 meses. Não consegui perceber se tinha a ver com o acesso à internet, ou não (a informação on-line e mesmo aquela disponível nas escolas é escassa). Se esse for o pagamento para o acesso à internet, não me parece exagerado, uma vez que a ligação não é obrigatória (ainda que depois seja discriminatória, em contexto de sala de aula). Mas fazendo rapidamente as contas: 5,00€ X 36 meses dá um valor final de 180,00€, que é o custo de produção da máquina (anunciado pela JP Sá Couto). O que me parece coincidência a mais. Ainda assim, e antes de acusar o governo de mais uma farsa e mentira descarada, vou tentar reunir mais informação. Depois, logo direi de minha justiça.
Onda de criminalidade já passou?
Afinal, o país não está mais seguro e as notícias sobre a criminalidade não apareciam apenas para embaraçar o governo da República que tão bom trabalho tem feito também neste domínio, conforme se vê pelos resultados.
Vem devagar Imigrante
A pedido de várias famílias, cá vai a pior canção jamais escrita em português. Tem uns anitos já, mas é, de facto, um clássico do mau gosto.
Ei-la. De Graciano Saga (quem!?) Vem Devagar Imigrante
Imigrante vem devagar por favor,
temos muito tempo para lá chegar
e depois, lá diz o velho ditado:
Mais vale um minuto na vida,
do que a vida num minuto."
Passou-se no mês de Agosto,
este drama tão cruel
de um imigrante infeliz
Foi tanta a pouca sorte,
na estrada encontrou a morte
quando vinha ao seu país
Do trabalho veio a casa,
preparou a sua mala
e partia da Alemanha
Mas seu destino afinal
acabou por ser fatal
numa estrada em Espanha
Dizem aqueles que viram
que ele ia tão apressado
a grande velocidade
Foi o sono que lhe deu
o controlo ele perdeu
desse carro de maldade
Foi o sono que lhe deu
o controlo ele perdeu
desse carro de maldade
Trazia na sua mente
ir ver o seu pai doente
que estava no hospital
Na ideia um só pensar
o seu paizinho beijar
ao chegar a Portugal
Mas tudo foi de repente
partiu de Benavente
o drama aconteceu
Ele vinha tão cansado
de tanto já ter rolado
e então adormeceu
Nada podendo fazer
num camião foi bater
e deu-se o choque frontal
Seu carro se esmagou
e desfeito ele ficou
num acidente mortal
Seu carro se esmagou
e desfeito ele ficou
num acidente mortal
Ele não vinha sozinho
trazia também consigo
sua mulher e filhinho
Sem dar conta de nada
e naquela madrugada
morrem os três no caminho
Quando a notícia chegou
no hospital alguém contou
o desastre que aconteceu
Seu pai que tanto sofria
nunca mais o filho via
fechou os olhos morreu
Imigrantes oiçam bem
não vale a pena correr
porque pode ser fatal
Venham todos devagar
há tempo para cá chegar
e abraçar Portugal
Venham todos devagar
há tempo para cá chegar
e abraçar Portugal
PS: O vídeo está disponível no YouTube. É quase tão mau como a canção. Por isso mesmo, merece ser visto.
Voltei voltei, voltei de lá
Não escreverei sobre Política. Nem sobre Economia. Nem sobre o Estado da Região, da Nação, do Afeganistão ou de outro sítio qualquer. Para isso existem demasiados blogs preenchidos por quem sabe mais desses assuntos transcendentais que eu, ou por quem se preocupa com eles mais do que eu.
Nos últimos tempos aprendi a viver a vida de forma mais leve. Por isso, se alguém me quiser ler, terá de contentar-se com temas menores como livros ou música (deixo o cinema com o Angelino. É o pelouro dele e ele domina-o bem melhor que eu). Ou como o Sporting, ou como as manhãs de domingo, ou como óculos verde garrafa, ou como buganvílias (escreve-se assim?) ou como a vida aos 33...
Agradeço ao Sancho ter mantido este blog vivo. E já que o Angelino voltará a escrever )diz-me ele), peço a todos os conspiradores para fazerem o mesmo. Escrevam sobre qualquer merda, mandem fotografias, poemas dedicados às namoradas ou namorados, relatos de futebol, microfilmes, o que quiserem. Escrevam sobre política, se vos apetecer.Ou sobre Religião. Ou sobre a Regionalização. Mas escrevam. Isso é que era simpático!
PS: o título foi roubado a uma canção pimba que reza assim: Voltei voltei, voltei de lá, Inda agora tava em França e agora já tou cá...
Uma obra-prima, de facto. Se não estou em erro, do José Reza. Ou será do Graciano Saga, aquele que tem o Toma Cuidado Emigrante, a pior canção jamais escrita em português?
Gurb Song
I wanted someone to enter my life like a bird that comes into a kitchen
And starts breaking things and crashes with doors and windows
Leaving chaos and destruction.
This is why I accepted her kisses as someone who has been given a leaflet at the subway.
I knew, don't ask me why or how, that we were gonna share even our toothpaste.
We got to know each other by caressing each other's scars
Avoiding getting too close to know too much
We wanted happiness to be like a virus that reaches every place in a sick body
I turned my home into a water bed and her breasts into dark sand castles
She gave me her metaphors, her bottles of gins and her North Africa stamp collection.
At night we would talk in dreams, back to back and we would always, always, agree.
The sheets were so much like our skin that we stopped going to work.
Love became a strong big man with us, terribly handy, a proper liar, with big eyes and red lips.
She made me feel brand new.
I watch her get fucked up, lose touch, we listened to Nick Drake in her tape recorder and she told me she was a writer.
I read her boook in two and a half hours and cried all the way through as watching Bambi.
She told me that when I think she has loved me all she could, she was gonna love me a little bit more.
My ego and her cynicism got on really well and we would say "what would you do in case I die" or
"what if I had Aids ?" or "don't you like the Smiths" or "let's shag now". We left our fingerprints all around
my room, breakfast was automatically made, and if it would come to bed in a trolley, no hands,
we did compete to see who would have the best orgasms, the nicer visions, the biggest hangovers.
And if she came pregnant we decided it would be God hand's fault.
The world was our oyster.
Life was life.
But then she had to go back to London, to see her boyfriend and her family and her best friends and her pet
called "Gus".
And without her I've been a mess. I've painted my nails black and got my hair cut.
I open my pictures collection and our past can be limitless and I know the process is to slice each
section of my story thinner and thinner until I'm left only with her, I've felt like shite all the time
no matter who I kiss or how charming I try to be with my new birds.
This is the point, isn't it ? New birds that will project me along a wire from the underground into the air,
into the world.
Obrigado a quem me enviou a canção. Traduziu os meus estados de alma de uma forma que nem eu seria capaz.
A propósito, isto chama-se Gurb Song e é de uma banda espanhola de nome Migala.
É das boas coisas que ouvi este ano. O Álbum chama-se Asi Duele Un Verano, editado no longínquo ano de 1992. Vão ouvir. É urgente. Se o quiserem comprar têm de tentar no e-bay ou na amazon. Ou saquem-no da net. O bom do Nacho Piedra não se deve importar.
Já agora, visitem o site da banda: www.migala.net
PS: This is the point, isn't it ? New birds that will project me along a wire from the underground into the air, into the world.
Durante anos acreditei piamente nesta frase. Agora não. Mas gostava de voltar a acreditar, a sério.
23.9.08
Por uma questão de justiça
E que já agora o acesso a determinados sites venha bloqueado. Podem perguntar ao CRIE como é que se faz e o que é a segurança na internet.
Mas justiça seja feita, porque não esperava que fossem distribuídos PCs tão depressa. Estaremos atentos às próximas remessas e à metodologia de entrega.
Justiça, também, seja feita à Júlia Caré que votou contra o Código do Trabalho do PS. Não sei se por consciência, por estratégia política ou por puro revanchismo, mas gostei da atitude. Veremos se será consequente agora que apenas falta um ano para o fim do mandato. Mas não esquecemos os outros três...
Moral a gosto (revisto)
Assim sendo e porque assumo que a definição de Agacinsky está correcta, adapto o meu post ao seu rigor.
Vemos movimentos gays que se batem pela diferença, mas simultaneamente exigem a identidade. Então como é: querem que se respeite a vossa diferença, ou querem ser aceites como idênticos (aos heterossexuais)?
Mas, desta vez, acrescento mais qualquer coisinha: alguns movimentos não se batem pela igualdade de direitos. Algumas das suas exigências visam apenas abalar e achincalhar instituições com as quais não concordam. Abalar valores instituídos, como forma de atentar contra a tradição, como se toda ela fosse prejudicial aos "direitos" que se querem ver garantidos. E a mim perturba-me ver instituições com o dever de responsabilidade (como partidos políticos) seguirem estas tentativas acriticamente, apenas porque parece progressista e opostas aos valores tradicionais (que é preciso combater a toda a força, defendem eles), mas que em nada contribuem para a igualdade de direitos.
Por outro lado, podemos legislar para a paridade de direitos (entre homens e mulheres, entre heterossexuais e homossexuais, entre humanos e animais, etc.), mas existem limitações que advêm da condição que não são superáveis. Já havia dado o exemplo da maternidade: pode ser-me reconhecido o direito a ser mãe, mas essa é uma impossibilidade biológica.
Outro exemplo: num casamento com filhos existe um pai e uma mãe. Numa relação homossexual com educandos [sem entrar pela questão da adopção, pensemos apenas no filho de um(a) deles(a)]: qual será o pai e qual será a mãe? É fundamental que haja um "pai" e uma "mãe"? É, sequer, possível ou mesmo digno fazer esta distinção entre pessoas do mesmo sexo?
São estas algumas das questões que alguns movimentos não querem ver discutidas, porque não são facilmente superáveis, posição a que alguns partidos têm dado cobertura. E isto preocupa-me.
Por último, reafirmo o que já tenho dito por diversas vezes: não gosto de morais prontas-a-consumir e descartáveis. A sociedade evolui, os conceitos evoluem, as civilizações evoluem: não quer, contudo, dizer, que tudo o que é tradicional esteja errado.
Até porque não acredito que todas as evoluções sejam positivas. Veja-se o exemplo do Islão que há 600 anos permitiu o nascimento no seu seio do Livro das Mil e Uma Noites e hoje tem como o seu principal cartão de visita a intolerância; ou o Cristianismo que passou de perseguido há dois mil anos, para perseguidor há quinhentos.