Campo da Barca
Avenida do MarLargo do Chafariz
Porque a vida é também memória.
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
2.6.06
Um dia de cão
Na inusitada odisseia levada a cabo pelo PSD nacional pela credibilização da política portuguesa, eis que sai da gaveta uma curiosa iniciativa do seu grupo parlamentar. Não, não estamos a falar de propostas para o emprego, para a educação, para a economia ou mesmo para sairmos do pântano. Nada disso, porque assim não estávamos a ser inovadores. A proposta do PSD vai bem mais longe porque pretende atribuir aos canídeos um dia especial. Nada tenho contra o assunto. E, declaração de interesses, não tenho cão nem nenhum outro animal de estimação por opção muito própria (não tenho pachorra e odeio lambidelas, só para referir algumas).
A política está pelas ruas da amargura (nota-se), os cães são todos os dias abandonados (vê-se, cheira-se e pisa-se) e o Dr. Marques Mendes não se deve aguentar até 2009 (mesmo que ele e a mulher pensem o contrário). Talvez por isso tenha surgido esta ideia brilhante que visa alertar para este fenómeno social de longo alcance responsável por muito barulho nocturno, processos de cio intenso e, tragédia, merda presa na sola dos sapatos.
Mas temo pelo pior. O dia especial – como o do pai, da mãe, da criança, da mulher, do avô – não passam quanto a mim de interessantes acções de marketing que ajudam o comércio e adormecem as consciências, enquanto se compra qualquer coisa para oferecer ao contemplado. No dia seguinte, tudo volta ao mesmo e ao que sempre foi.
Entretanto, descobrimos diariamente que o país precisa de estímulos. De estímulos económicos e não só. E precisa assim e também, e de acordo com o PSD, de dias nacionais como de pão para a boca e para encher chouriço, perdão, agenda parlamentar. Daí uma singela proposta minha: por que não fazer do nosso calendário um almanaque onde cada dia é um dia nacional especial? Podíamos começar (por favor, eu não cobro honorários por estas fantasias) pelo Dia Nacional das Ideias Imbecis. O DNII. Comecemos pelo dia de hoje. O 2 de Junho é uma boa data. E está disponível. Por favor, avisem o Dr. Mendes.
A política está pelas ruas da amargura (nota-se), os cães são todos os dias abandonados (vê-se, cheira-se e pisa-se) e o Dr. Marques Mendes não se deve aguentar até 2009 (mesmo que ele e a mulher pensem o contrário). Talvez por isso tenha surgido esta ideia brilhante que visa alertar para este fenómeno social de longo alcance responsável por muito barulho nocturno, processos de cio intenso e, tragédia, merda presa na sola dos sapatos.
Mas temo pelo pior. O dia especial – como o do pai, da mãe, da criança, da mulher, do avô – não passam quanto a mim de interessantes acções de marketing que ajudam o comércio e adormecem as consciências, enquanto se compra qualquer coisa para oferecer ao contemplado. No dia seguinte, tudo volta ao mesmo e ao que sempre foi.
Entretanto, descobrimos diariamente que o país precisa de estímulos. De estímulos económicos e não só. E precisa assim e também, e de acordo com o PSD, de dias nacionais como de pão para a boca e para encher chouriço, perdão, agenda parlamentar. Daí uma singela proposta minha: por que não fazer do nosso calendário um almanaque onde cada dia é um dia nacional especial? Podíamos começar (por favor, eu não cobro honorários por estas fantasias) pelo Dia Nacional das Ideias Imbecis. O DNII. Comecemos pelo dia de hoje. O 2 de Junho é uma boa data. E está disponível. Por favor, avisem o Dr. Mendes.
Notícias sempre interessantes... do Zimbabué do Sr. Mugabe
No Zimbabué do Sr. Mugabe, esse paladino da paz, da liberdade e da democracia, a inflação chegou este ano aos 1000% (leram bem: mil por cento). Quase em simultâneo, 75% da população (leram bem: setenta e cinco por cento) não tem emprego nem qualquer meio de subsistência. Relembremos que o Sr. Mugabe foi há tempos bastante aplaudido, por uma certa gente, quando decidiu expulsar os brancos das suas terras porque estes, no entender deste iluminado, retiravam e impediam a emancipação do seu povo, explorando os seus recursos. Como se vê, esta política visionária já começou a dar frutos que deixam antever a colossal derrocada que se aproxima. Dentro de dias, a coisa aquece e facilmente termina nos acontecimentos que estamos habituados a ver na televisão. Há por aí infelizmente muita gente que ainda não alcançou que muito do sucesso de uma nação passa por um mercado livre, devidamente regulado, onde haja capacidade de iniciativa, liberdade de escolha e respeito integral pela propriedade. Cedo ou tarde, as consequências das políticas antiliberais sentem-se na pele, nomeadamente na pele dos que mais necessitam. Mugabe curiosamente não é caso único no uso deste tipo de artimanha populista e sem escrúpulos que julga que justiça social é distribuir ou redistribuir recursos. O Sr. Morales e o Sr. Chavez, por exemplo, são outros acólitos e fiéis seguidores das mesmas desastradas e tenebrosas teorias. Até um dia.
Notícias sempre interessantes... da RD do Congo
Na República Democrática do Congo – um curioso eufemismo – o governo decidiu que os candidatos às eleições do próximo dia 30 de Julho não podem ter mais de 25 guarda-costas ao seu serviço durante o período eleitoral. Não sei se a medida se insere na tentativa (desesperada?!) de que os candidatos não levem os seus pequenos exércitos consigo quando fizerem campanha porta-a-porta ou se é uma verdadeira diligência empreendida com o intuito de evitar uma literal caça ao voto. Por eliminação simples e directa do adversário e dos seus apoiantes, como é óbvio.
Coitadinhos
Os senhores professores andam indignados porque, pela primeira vez, um responsável pela pasta da Educação foi suficientemente lúcido para lhes atribuir as necessárias responsabilidades pelo naufrágio da Escola em Portugal. Coitadinhos dos docentes!
O Romeu anda chateado
O meu gato anda mal disposto. E agora, até ameaça meter um processo contra o PSD nas mais altas instâncias comunitárias, acusando os laranja de discriminação.
"Então o cão, esse saco de pulgas, vai ter um dia nacional! E eu, ah? E o periquito? E os papagaios que têm o azar de não ser deputados? E as pulgas amestradas? E os ursos do circo? E o peixes vermelhos? Ah, pois é...", miou-me o Romeu logo de manhã.
Confesso que fiquei sem argumentos. Acabei de fazer a barba, servi-lhe o pequeno almoço e saí porta fora.
"Então o cão, esse saco de pulgas, vai ter um dia nacional! E eu, ah? E o periquito? E os papagaios que têm o azar de não ser deputados? E as pulgas amestradas? E os ursos do circo? E o peixes vermelhos? Ah, pois é...", miou-me o Romeu logo de manhã.
Confesso que fiquei sem argumentos. Acabei de fazer a barba, servi-lhe o pequeno almoço e saí porta fora.
31.5.06
Forte de São José
Não são fotografias do Funchal, mas vale a pena ser visto.
www.fortesaojose.com
Se tiver fotografias da cidade, e quiuser colocá-las on-line, já sabe
conspiracaoassete@hotmail.com
www.fortesaojose.com
Se tiver fotografias da cidade, e quiuser colocá-las on-line, já sabe
conspiracaoassete@hotmail.com
A lista
A lista de convocados portugueses não passa de uma lamentável sucessão de equívocos. Obviamente que o Sr. Scolari, um treinador pouco mais do que mediano, está no seu direito de convocar quem muito bem entender, incluindo fauna diversa como médios que não jogam, conhecidos caceteiros, laterais medíocres e avançados que não marcam golos. Até aqui tudo muito certo, porque na verdade a decisão do seleccionador deve ser soberana e ele é pago, regiamente pago convém não esquecer, para escolher e treinar supostamente os melhores do país e dos países nossos vizinhos e irmãos desde que eles não os queiram.
Mas confesso que ando um pouco farto que andem a brincar com o meu dinheiro e que depois, quando as coisas correm mal, ninguém me justifique absolutamente nada e se limite a assobiar confortavelmente para o lado.
A maior crítica que faço a Scolari nem é a não convocação de Quaresma ou mesmo a de Baía. O problema é outro e tem a ver com a falta de visão estratégica do actual seleccionador e dos dirigentes da federação portuguesa, um bando de parasitas do Estado cujos ordenados é melhor não revelar. Esta falta de visão está subjacente numa premissa muito clara: entendo que o mais correcto seria ter levado nesta selecção o João Moutinho, o Nani, o Manuel Fernandes, o Custódio, o Raul Meireles e, claro, o Quaresma, jogadores que brilharam a grande altura no nosso campeonato, com o intuito claro de ganharem experiência importante para outros mundiais.
Claro que o Sr. Scolari, cujas escolhas estão feitas desde há um ano, não foi na conversa e preferiu chamar jogadores que mal jogaram (Maniche, Costinha, Hugo Viana), jogadores sem classe para representar selecção alguma (Nuno Gomes, Petit, Paulo Ferreira), avançados medíocres (Postiga), jogadores que vivem do teatro e que nunca fizeram nada na selecção (Simão) e outros pouco mais do que esforçados (Meira, Nuno Valente, Boa Morte).
Sei que sou polémico nestas minhas afirmações mas é bom que lentamente despertemos deste colete que nos amarra num sonho que não irá muito longe. A selecção não é apenas pouco mais do que mediana (acho que nem no primeiro lugar do grupo ficará): é também mal orientada e pessimamente mal gerida, apesar de andarmos muito bem classificados nos rankings futebolísticos. Talvez seja isto que justifique que toda a gente ande demasiado eufórica com o pretenso novo empreendimento da selecção como se a Alemanha fosse um novo Descobrimento.
Não é que não tenhamos bons jogadores, jogadores de craveira mundial como Deco, Figo, Ronaldo, Ricardo Carvalho. Temos alguns bons executantes. Mas não chega. Não é suficiente. Como rapidamente se constatará. Olhem para as outras selecções e sejam realistas. Para nós andarmos nos 32 melhores do mundo já devia ser uma vitória, mesmo que sem muito alarido e publicidade. O resto vale o que vale. Ou seja, não vale um esforçodesnecessário.
Mas confesso que ando um pouco farto que andem a brincar com o meu dinheiro e que depois, quando as coisas correm mal, ninguém me justifique absolutamente nada e se limite a assobiar confortavelmente para o lado.
A maior crítica que faço a Scolari nem é a não convocação de Quaresma ou mesmo a de Baía. O problema é outro e tem a ver com a falta de visão estratégica do actual seleccionador e dos dirigentes da federação portuguesa, um bando de parasitas do Estado cujos ordenados é melhor não revelar. Esta falta de visão está subjacente numa premissa muito clara: entendo que o mais correcto seria ter levado nesta selecção o João Moutinho, o Nani, o Manuel Fernandes, o Custódio, o Raul Meireles e, claro, o Quaresma, jogadores que brilharam a grande altura no nosso campeonato, com o intuito claro de ganharem experiência importante para outros mundiais.
Claro que o Sr. Scolari, cujas escolhas estão feitas desde há um ano, não foi na conversa e preferiu chamar jogadores que mal jogaram (Maniche, Costinha, Hugo Viana), jogadores sem classe para representar selecção alguma (Nuno Gomes, Petit, Paulo Ferreira), avançados medíocres (Postiga), jogadores que vivem do teatro e que nunca fizeram nada na selecção (Simão) e outros pouco mais do que esforçados (Meira, Nuno Valente, Boa Morte).
Sei que sou polémico nestas minhas afirmações mas é bom que lentamente despertemos deste colete que nos amarra num sonho que não irá muito longe. A selecção não é apenas pouco mais do que mediana (acho que nem no primeiro lugar do grupo ficará): é também mal orientada e pessimamente mal gerida, apesar de andarmos muito bem classificados nos rankings futebolísticos. Talvez seja isto que justifique que toda a gente ande demasiado eufórica com o pretenso novo empreendimento da selecção como se a Alemanha fosse um novo Descobrimento.
Não é que não tenhamos bons jogadores, jogadores de craveira mundial como Deco, Figo, Ronaldo, Ricardo Carvalho. Temos alguns bons executantes. Mas não chega. Não é suficiente. Como rapidamente se constatará. Olhem para as outras selecções e sejam realistas. Para nós andarmos nos 32 melhores do mundo já devia ser uma vitória, mesmo que sem muito alarido e publicidade. O resto vale o que vale. Ou seja, não vale um esforçodesnecessário.
A quinta dimensão
Vivemos num mundo paralelo. A realidade não entra pela nossa porta e o que mais fazemos é exactamente negar a verdade que à nossa frente se estende. Isso explica muita coisa na comunicação, na política, na religião, no futebol. A fábula e o mito cruzam-se algures num longínquo passado em que os portugueses se recusaram a enfrentar o presente, preferindo viver acorrentados à memória colectiva inventada e deturpada. Ao cabo e ao resto, como Eduardo Lourenço algures escreveu é sempre possível que “(...) o único paradigma que dá [dê] sentido ao nosso presente é ainda – e talvez mais do que nunca – o do passado". Tristes e duras palavras e nada de mais cruel e verdadeiro. Sempre tememos a verdade porque é mais simples, é mais fácil, viver a nossa triste ignorância enquanto nos recusamos a abrir os olhos e a enfrentar os nossos medos. Gostamos de estímulos e de epopeias assombrosas. Obras audazes e faraónicas. Algo que nos sirva de alento para que diariamente encontremos algo em nós, neste país e neste povo, que valha a pena, que traga significado, que nos dê esperança e que nos faça relembrar os gloriosos tempos em que fomos grandes (mas porque será que ninguém desmonta esta mentira histórica???). Por isso preferimos e gostamos daqueles que nos mentem, daqueles que nos escondem a verdade, dos que airosamente nos contam embustes e histórias. No fundo, daqueles que nos falam de um outro país que não existe mas que nos dizem, e por vezes até garantem, ser o nosso.
30.5.06
Tachos, que tachos?!
Maria Aurora afirmou ao DN nunca ter vivido de tachos. Há quem afirme (como nos informou o Bento, lá desde a Esquina, pode ser que se eu for processado, como blogger, consiga obter equiparação aos jornalistas, em relação à protecção das fontes) que a senhora nunca viveu de outra coisa (ela é Câmara, ela é RTP...).
Isto vai bonito, vai...
Outra pérola deste Governo da República: colocar os encarregados de educação a avaliarem os docentes. Vai ser bonito! Agora sempre que um encarregado de educação não gostar da nota atribuída ao seu educando, vai de penalizar o professor pelo atrevimento que teve ao atribuir uma nota baixa ao menino. Eis mais uma ferramenta fabulosa para pressionar o docente (como se já fosse fácil chumbar alunos!). Eu, se estivesse a exercer a docência, atribuiria notas fabulosas a ver se caía nas boas graças dos senhores encarregados de educação. Mas, felizmente, grande parte dos docentes são bons profissionais, ao contrário do que afirma a sra. Ministra que, continuamente, achincalha esta classe.
A Educação em Portugal é uma miséria: nisso estamos todos de acordo. O que é inconcebível é que venha esta senhora, não se sabe bem de onde (ou até sabe-se!), nomear os docentes como classe a abater. E não tem qualquer pejo em ultrajá-la com medidas destas, vulgarizando ainda mais uma classe cujo prestígio está ao nível dos cantoneiros (que me merecem todo o respeito).
E o pior disto tudo é que as organizações profissionais são capazes de aceitar algumas das vilanagens propostas no novo Estatuto da Carreira Docente, visto a má imagem com que estão, depois de toda a vil campanha difamatória da classe docente, levada a cabo pelo Governo do Eng. Sócrates. Lembro-me da arruaça que foi um programa dos Prós e Contras, em que uns senhores de umas tretas federativas - que alegadamente representavam os encarregados de educação portugueses - atribuíam aos docentes todos os pecados da Educação em Portugal. E essa campanha miserável começa a dar os seus frutos, porque a classe está tão desacreditada que não tem qualquer poder negocial.
No outro dia, Marcelo Rebelo de Sousa (que é uma acérrimo defensor desta Ministra, vá-se lá saber porquê) celebrava esta estratégia governativa que tem como principal característica denegrir as corporações (sejam elas de que tipo for, legítimas ou não!) para reduzir-lhes a capacidade negocial (falava ele em relação à Ordem dos Farmacêuticos). Reconheço que ele tem razão, mas ao contrário do que ele afirma, essa não é a forma correcta de fazer política, por mais legítimos que sejam os fins. Num estado democrático, a política (entendida como construção da pólis) faz-se em conjunto com as organizações que emergem da sociedade, sejam elas profissionais, sindicais ou quaisquer outras. Mas a estratégia deste governo passa por desacreditar todas as organizações, passa pelo achincalhamento público, pela difamação. É a política da terra queimada. E alguns aplaudem. Porra para este país!
A Educação em Portugal é uma miséria: nisso estamos todos de acordo. O que é inconcebível é que venha esta senhora, não se sabe bem de onde (ou até sabe-se!), nomear os docentes como classe a abater. E não tem qualquer pejo em ultrajá-la com medidas destas, vulgarizando ainda mais uma classe cujo prestígio está ao nível dos cantoneiros (que me merecem todo o respeito).
E o pior disto tudo é que as organizações profissionais são capazes de aceitar algumas das vilanagens propostas no novo Estatuto da Carreira Docente, visto a má imagem com que estão, depois de toda a vil campanha difamatória da classe docente, levada a cabo pelo Governo do Eng. Sócrates. Lembro-me da arruaça que foi um programa dos Prós e Contras, em que uns senhores de umas tretas federativas - que alegadamente representavam os encarregados de educação portugueses - atribuíam aos docentes todos os pecados da Educação em Portugal. E essa campanha miserável começa a dar os seus frutos, porque a classe está tão desacreditada que não tem qualquer poder negocial.
No outro dia, Marcelo Rebelo de Sousa (que é uma acérrimo defensor desta Ministra, vá-se lá saber porquê) celebrava esta estratégia governativa que tem como principal característica denegrir as corporações (sejam elas de que tipo for, legítimas ou não!) para reduzir-lhes a capacidade negocial (falava ele em relação à Ordem dos Farmacêuticos). Reconheço que ele tem razão, mas ao contrário do que ele afirma, essa não é a forma correcta de fazer política, por mais legítimos que sejam os fins. Num estado democrático, a política (entendida como construção da pólis) faz-se em conjunto com as organizações que emergem da sociedade, sejam elas profissionais, sindicais ou quaisquer outras. Mas a estratégia deste governo passa por desacreditar todas as organizações, passa pelo achincalhamento público, pela difamação. É a política da terra queimada. E alguns aplaudem. Porra para este país!
29.5.06
Propostas
Junto um extracto da minha intervenção onde estão patentes algumas ideias, ainda que soltas, sobre caminhos a seguir:
"Seria bom assentar uma premissa de base, um princípio que defendo: o tempo do Estado Providência, o Estado pai, padrinho, anjo da guarda, tutor, tem de acabar. Para além de exaurir os parcos recursos da Região, lança uma cultura de facilitação e de indolência que entorpece e impede a construção de uma sociedade melhor, mais produtiva e mais inteligente. Exige-se muito pouco, nivela-se por baixo. Está difundido o sentimento que o esforço e suor, o trabalhar para atingir objectivos, são conceitos do passado, hoje, totalmente desvalorizados. A inversão deste marasmo, sendo clara, não é simples, mas resume-se à diminuição drástica do direito indeferenciado e generalizado a benefícios, subsídios e apoios e, simultaneamente, o refinamento dos critérios de distribuição.
Esta afirmação não é uma crítica ao que se tem passado nestes 30 anos, era preciso dinamizar a sociedade, puxá-la para níveis de desenvolvimento mais consentâneos com os seus direitos, o fosso, em relação às médias nacional e europeia, era abissal, difícil de transpor. Esta afirmação é a indicação do que deve ser feito a partir daqui, reduzidas que estão as diferenças e de acordo com os novos desafios e dificuldades.
Temos de ser contra uma sociedade que premeia a preguiça e a indolência. Que espera pelos acontecimentos em vez de fazer com que as coisas aconteçam.
A concentração de esforços tem de ser feita, por um lado, nos sectores de actividade com margem de progressão e vitais (turismo, sociedade de informação e comércio), por outro, aqui sim, manter uma intervenção forte e inovadora na saúde e na educação, continuando a dar exemplos, a estar vários passos à frente da estagnação e do imobilismo nacionais.
Em termos de Educação, o nosso calcanhar de Aquiles continua a ser o ensino superior. Esta não é a nossa Universidade, nunca foi. Aquele que deveria ser um dos pilares fundamentais da nossa sociedade, não passa de uma fogueira de vaidades, palco de protagonismos pessoais e com um contributo quase nulo para a nossa evolução. Tem estado, desde o início, arredada dos interesses regionais, teima em virar as costas ao meio onde está inserida, não prepara melhores cidadãos, não desempenha as suas funções.
A continuar assim, não existe alternativa a não ser o seu encerramento. Os danos causados por esta inércia, por esta inexistente estratégia far-se-ão sentir por muitos anos, perderam-se duas décadas, muitos terão sido os responsáveis, de nada vale lamuriar-nos, apenas cerrar os punhos e por cobro a este embuste, agir de forma tenaz e determinada. Tomar conta do nosso destino e afastar-nos deste entorpecimento propositado.
A solução passa por criar a nossa própria instituição, ainda que de raiz privada, com apoio da Região aos alunos sem possibilidades. Um estabelecimento com as valências de bacharelato, licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutoramento. Um projecto independente e liberto de todos os elementos castradores que o sistema público impõe. Este sim, é um investimento que vale a pena apoiar, aqui deverão estar concentradas as nossas energias, recursos e esforços. A pasmaceira tem de ser sacudida, ainda por cima quando se assiste a uma deterioração quotidiana e doentia.
Tragam-se verdadeiros mestres, crie-se um centro de excelência, construam-se verdadeiras ligações ao meio empresarial e às instituições regionais. Tracemos o nosso próprio caminho. Busquem-se parcerias com entidades de créditos firmados neste sector, mesmo que estrangeiras, de preferência com estrangeiras. Basta de experimentalismos saloios, de teimosias pirosas e de tonterias supostamente inovadoras.
Outro dos factores críticos de sucesso da Autonomia Regional, passa pela redefinição da Lei de Finanças Regionais, especialmente no tocante à liberdade de determinação de uma política fiscal própria e individualizada. Para captarmos investimento, para cativarmos capital externo, temos de ter capacidade de construir um quadro fiscal competitivo e orientado para esses objectivos. Não podemos continuar agrilhoados a um todo nacional cujas opções não se conformam com a nossa realidade e coarcta o nosso dinamismo. Benefícios específicos, isenções temporárias, taxas escalonadas e diversificadas, características que devem estar sob a nossa alçada e não impostas por uma irrealista homogeneização centralista ou por limites artificiais, símbolos de uma atitude controleira e enfraquecedora.
Para além deste aspecto, a revisão da Lei de Finanças Regionais tem, de uma vez por todas, que garantir que o devedor (neste caso o Estado) honre os seus compromissos, ainda que de forma coerciva.
Temos de combater a existência de pseudo empresas e empresários que, sem um mínimo de preparação, sem qualquer preocupação em construir estruturas empresariais duradouras e aptas a responder às exigências do mercado, polvilham a nossa economia.
Não se podem exigir determinados padrões de qualidade quando se dá guarida a oportunistas sem escrúpulos e a micro barões que pautam a sua acção por práticas de concorrência desleal, não pagando as suas contribuições, não assumindo as suas responsabilidades, usando e abusando da táctica do “toca e foge”. Estas ameaças surgem do exterior mas, cada vez mais, assistimos a investidas que partem do próprio interior da Região.
Esta realidade não dignifica a economia regional, coloca no mercado produtos defeituosos cuja manutenção implicará custos brutais, destrói as capacidades conquistadas pelas empresas que investem fortemente nas suas estruturas e, a breve trecho, causarão implosões desastrosas para a sociedade madeirense.
Se apostamos na qualidade, protejamos as empresas certificadas, se queremos responsabilidade privilegiemos as empresas cumpridoras e se queremos garantias continuemos a confiar naqueles que tantas provas têm dado de dedicação, crença, solidariedade, investimento e criação de riqueza. Aqui, na Madeira, não poderá haver lugar para caçadores de tesouros, mercenários, piratas ou outro tipo de necrófagos, venham de onde vierem, de fora ou de dentro.
Finalmente, temos de conquistar uma outra projecção internacional. Devemos caminhar para uma actuação autónoma, em consonância com a nossa própria agenda e interesses. Devemos estimular uma acção em bloco com as nossas congéneres próximas, refiro-me às Canárias e aos Açores. É tempo de juntarmos as capacidades, energias e os pontos fortes destas realidades e surgirmos nos palcos internacionais como uma força conjunta, nomeadamente na União Europeia. Uma força de 2,5 milhões de habitantes, com um Produto Interno Bruto de cerca de 35000 milhões de euros.
Ao fim ao cabo, estamos mais próximos uns dos outros do que das respectivas metrópoles. As nossas especificidades são comuns e os nossos problemas semelhantes: a distância dos centros de decisão, a ultra periferia acentuada, o isolamento geográfico e as dependências em relação ao exterior.
Em qualquer um dos casos assistimos à subalternização dos interesses específicos, ao sistemático esquecimento e à minoração dos nossos problemas, por parte das administrações centrais.
Esta parceria, esta união deve acontecer a todos os níveis: político, económico, social e cultural. Do desporto à educação, das empresas ao investimento, do turismo ao comércio, da indústria à energia, passando pela cultura e pelos transportes. Não bastam as trocas de experiências, é preciso realizar e construir em conjunto, aparecer como uma realidade própria e com uma identidade definida e individual. É tempo da Macaronésia afirmar-se no seu todo, aproveitar as afinidades geográficas para criar uma referência conjunta."
"Seria bom assentar uma premissa de base, um princípio que defendo: o tempo do Estado Providência, o Estado pai, padrinho, anjo da guarda, tutor, tem de acabar. Para além de exaurir os parcos recursos da Região, lança uma cultura de facilitação e de indolência que entorpece e impede a construção de uma sociedade melhor, mais produtiva e mais inteligente. Exige-se muito pouco, nivela-se por baixo. Está difundido o sentimento que o esforço e suor, o trabalhar para atingir objectivos, são conceitos do passado, hoje, totalmente desvalorizados. A inversão deste marasmo, sendo clara, não é simples, mas resume-se à diminuição drástica do direito indeferenciado e generalizado a benefícios, subsídios e apoios e, simultaneamente, o refinamento dos critérios de distribuição.
Esta afirmação não é uma crítica ao que se tem passado nestes 30 anos, era preciso dinamizar a sociedade, puxá-la para níveis de desenvolvimento mais consentâneos com os seus direitos, o fosso, em relação às médias nacional e europeia, era abissal, difícil de transpor. Esta afirmação é a indicação do que deve ser feito a partir daqui, reduzidas que estão as diferenças e de acordo com os novos desafios e dificuldades.
Temos de ser contra uma sociedade que premeia a preguiça e a indolência. Que espera pelos acontecimentos em vez de fazer com que as coisas aconteçam.
A concentração de esforços tem de ser feita, por um lado, nos sectores de actividade com margem de progressão e vitais (turismo, sociedade de informação e comércio), por outro, aqui sim, manter uma intervenção forte e inovadora na saúde e na educação, continuando a dar exemplos, a estar vários passos à frente da estagnação e do imobilismo nacionais.
Em termos de Educação, o nosso calcanhar de Aquiles continua a ser o ensino superior. Esta não é a nossa Universidade, nunca foi. Aquele que deveria ser um dos pilares fundamentais da nossa sociedade, não passa de uma fogueira de vaidades, palco de protagonismos pessoais e com um contributo quase nulo para a nossa evolução. Tem estado, desde o início, arredada dos interesses regionais, teima em virar as costas ao meio onde está inserida, não prepara melhores cidadãos, não desempenha as suas funções.
A continuar assim, não existe alternativa a não ser o seu encerramento. Os danos causados por esta inércia, por esta inexistente estratégia far-se-ão sentir por muitos anos, perderam-se duas décadas, muitos terão sido os responsáveis, de nada vale lamuriar-nos, apenas cerrar os punhos e por cobro a este embuste, agir de forma tenaz e determinada. Tomar conta do nosso destino e afastar-nos deste entorpecimento propositado.
A solução passa por criar a nossa própria instituição, ainda que de raiz privada, com apoio da Região aos alunos sem possibilidades. Um estabelecimento com as valências de bacharelato, licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutoramento. Um projecto independente e liberto de todos os elementos castradores que o sistema público impõe. Este sim, é um investimento que vale a pena apoiar, aqui deverão estar concentradas as nossas energias, recursos e esforços. A pasmaceira tem de ser sacudida, ainda por cima quando se assiste a uma deterioração quotidiana e doentia.
Tragam-se verdadeiros mestres, crie-se um centro de excelência, construam-se verdadeiras ligações ao meio empresarial e às instituições regionais. Tracemos o nosso próprio caminho. Busquem-se parcerias com entidades de créditos firmados neste sector, mesmo que estrangeiras, de preferência com estrangeiras. Basta de experimentalismos saloios, de teimosias pirosas e de tonterias supostamente inovadoras.
Outro dos factores críticos de sucesso da Autonomia Regional, passa pela redefinição da Lei de Finanças Regionais, especialmente no tocante à liberdade de determinação de uma política fiscal própria e individualizada. Para captarmos investimento, para cativarmos capital externo, temos de ter capacidade de construir um quadro fiscal competitivo e orientado para esses objectivos. Não podemos continuar agrilhoados a um todo nacional cujas opções não se conformam com a nossa realidade e coarcta o nosso dinamismo. Benefícios específicos, isenções temporárias, taxas escalonadas e diversificadas, características que devem estar sob a nossa alçada e não impostas por uma irrealista homogeneização centralista ou por limites artificiais, símbolos de uma atitude controleira e enfraquecedora.
Para além deste aspecto, a revisão da Lei de Finanças Regionais tem, de uma vez por todas, que garantir que o devedor (neste caso o Estado) honre os seus compromissos, ainda que de forma coerciva.
Temos de combater a existência de pseudo empresas e empresários que, sem um mínimo de preparação, sem qualquer preocupação em construir estruturas empresariais duradouras e aptas a responder às exigências do mercado, polvilham a nossa economia.
Não se podem exigir determinados padrões de qualidade quando se dá guarida a oportunistas sem escrúpulos e a micro barões que pautam a sua acção por práticas de concorrência desleal, não pagando as suas contribuições, não assumindo as suas responsabilidades, usando e abusando da táctica do “toca e foge”. Estas ameaças surgem do exterior mas, cada vez mais, assistimos a investidas que partem do próprio interior da Região.
Esta realidade não dignifica a economia regional, coloca no mercado produtos defeituosos cuja manutenção implicará custos brutais, destrói as capacidades conquistadas pelas empresas que investem fortemente nas suas estruturas e, a breve trecho, causarão implosões desastrosas para a sociedade madeirense.
Se apostamos na qualidade, protejamos as empresas certificadas, se queremos responsabilidade privilegiemos as empresas cumpridoras e se queremos garantias continuemos a confiar naqueles que tantas provas têm dado de dedicação, crença, solidariedade, investimento e criação de riqueza. Aqui, na Madeira, não poderá haver lugar para caçadores de tesouros, mercenários, piratas ou outro tipo de necrófagos, venham de onde vierem, de fora ou de dentro.
Finalmente, temos de conquistar uma outra projecção internacional. Devemos caminhar para uma actuação autónoma, em consonância com a nossa própria agenda e interesses. Devemos estimular uma acção em bloco com as nossas congéneres próximas, refiro-me às Canárias e aos Açores. É tempo de juntarmos as capacidades, energias e os pontos fortes destas realidades e surgirmos nos palcos internacionais como uma força conjunta, nomeadamente na União Europeia. Uma força de 2,5 milhões de habitantes, com um Produto Interno Bruto de cerca de 35000 milhões de euros.
Ao fim ao cabo, estamos mais próximos uns dos outros do que das respectivas metrópoles. As nossas especificidades são comuns e os nossos problemas semelhantes: a distância dos centros de decisão, a ultra periferia acentuada, o isolamento geográfico e as dependências em relação ao exterior.
Em qualquer um dos casos assistimos à subalternização dos interesses específicos, ao sistemático esquecimento e à minoração dos nossos problemas, por parte das administrações centrais.
Esta parceria, esta união deve acontecer a todos os níveis: político, económico, social e cultural. Do desporto à educação, das empresas ao investimento, do turismo ao comércio, da indústria à energia, passando pela cultura e pelos transportes. Não bastam as trocas de experiências, é preciso realizar e construir em conjunto, aparecer como uma realidade própria e com uma identidade definida e individual. É tempo da Macaronésia afirmar-se no seu todo, aproveitar as afinidades geográficas para criar uma referência conjunta."
Zona Velha
Eis alguns dos resultados de mais uma das minhas incursões fotográficas pela Zona Velha. Já agora, um desafio a todos aqueles que têm fotografias do Funchal (ruas, pessoas, locais, etc): enviem para o conspiracaoassete@hotmail.com. A gente publica.
Jardinismo
Terminaram os conclaves do PSD-M e do PCP-M
Por mais voltas que se dê só há uma possível conclusão. Os dois congressos decorrem sob o ícone do jardinismo.
Por mais voltas que se dê só há uma possível conclusão. Os dois congressos decorrem sob o ícone do jardinismo.
Terminou
Terminou a liturgia. Sem quaisquer novidades, como se esperava. Permitiu só perceber dois partidos. O do Funchal e o outro.
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