25.8.09

Bom, mau e assim-assim...

A redução do abandono escolar é uma boa notícia. Demonstra que a aposta nos cursos EFA, cursos técnicos e tecnológicos e na formação profissional que vem sendo feita, está correcta. E apesar da aposta ser anterior à chegada de Sócrates ao Governo, para que não me acusem de desonestidade intelectual, admito que foi o actual governo que deu um impulso forte e este ensino. Curiosamente, o mesmo PS (ou outro?) que contribuiu para o maior retrocesso que se viu na educação em Portugal, que foi a extinção das escolas comerciais e industriais, em nome de uma suposta democratização do ensino. Mas isso são já águas passadas…
Mas se valorizo a aposta no ensino profissional – a sociedade não vive apenas de doutores e é fundamental que o ensino público dê também competências profissionais aos nossos jovens -, a verdade é que seria irresponsável que não se exigisse que este ensino tenha o mesmo rigor e grau de exigência que o ensino regular. Se queremos que este ensino seja credível, de qualidade e útil, é fundamental submeter os alunos aos exames nacionais para que as classificações correspondam à aprendizagem. Porque caso contrário não só este sistema não será credível, como se criarão distorções graves no sistema educativo, com repercussões a vários níveis (por exemplo, alunos vindos de cursos EFA, cujo grau de exigência intelectual é muito limitado, poderem aceder ao ensino superior em condições bem mais favoráveis do que os que frequentam o ensino regular).
Portanto, têm razão os que afirmam que o abandono diminui porque o nível de exigência também diminui, mas não está errada a política, se se inserir no sistema reguladores das distorções e injustiças que provoca.
Já relativamente ao sucesso escolar, vamos lá ter um pouco de moderação. Não serve ao país que a taxa de insucesso tenha diminuído para 7% se as competências não são atingidas. E a verdade é que foi implementada, como nunca se viu, uma cultura de facilitismo. Só os idiotas chapados, ou servis lacaios do PS, é que não vêem esta evidência. E é imbecil argumentar que as aulas de susbtituição foram um factor importante. Porque não estou a ver como é que um professor de português pode ajudar a combater o insucesso na matemática, apenas por ter substituído o professor desta disciplina uma vez...
Aliás, a maior prova disto está nos gráficos apresentados pelo Ministério de Educação. Se atentarmos na evolução da taxa de retenção no ensino básico, verificamos que há uma diminuição sustentada e consistente (desde 2001) até ao ano passado, em que houve uma ruptura absoluta (passou-se de 1% em cada ano, para 2%). Não me venham com a história das medidas...
Já no caso do secundário, ainda é mais evidente. A queda é abrupta a partir do ano lectivo 2005/2006 o que significa que, das duas, uma: ou foram as políticas do governo anterior que começaram a dar resultados, ou foi o grau de exigência dos exames que começou a diminuir. Porque na educação não há milagres!

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