Tenho estado ausente da blogosfera e do mundo noticioso português.
Mas regresso e constato que, neste país de matraquilhos* a que chamamos Portugal, não se passa nada de novo. Senão, vejamos: torna-se público que Sócrates assinou dezenas de projectos, quando estava em regime de exclusividade na Assembleia da República, e uns bonecos gritam que não faz mal e que a notícia é cortina de fumo para o caso dos submarinos; Porto, Braga e Sporting são derrotados em campo, não conseguem ganhar os seus próprios jogos, praticam um futebol medíocre, fazem investimentos (especialmente o Porto e o Sporting) que ninguém percebe e reclamam que este é o campeonato dos túneis; a Comissão de Inquérito que investiga a tentativa de compra da TVI pela PT ainda não iniciou os seus trabalhos e já aparece o matraquilho Ricardo Rodrigues a garantir que não se provou a intervenção de Sócrates no processo; (entretanto, os mesmos bonecos continuam a perguntar pelos submarinos); o PS argumenta que ainda não escolheu o seu candidato presidencial e já Alegre reclama que ele é que é o candidato; os media portugueses dirigem-se em força às igrejas no domingo de Páscoa esperançosos de ouvir homílias sobre pedofilia, como se a mensagem e o ritual da Ressurreição se resumisse às ignomínias praticadas por alguns padres; é deduzida acusação aos administradores da Taguspark que pagaram ao Figo para este apoiar Sócrates e o PS e voltam os bonecos à carga perguntando pelos submarinos; o Benfica ganha ao Sporting por uns categóricos 2-0 e o matreco Costinha vem vomitar umas alarvidades, para sportinguista engolir, resumindo o jogo a um lance, num reconhecimento inequívoco de que em mundo nenhum (nem no mundo da fantasia!) o Sporting é capaz de ganhar ao Benfica num jogo de 11 contra 11; Mario Lino garantia, há 2 anos, que o Magalhães era o único portátil que cumpria as especificações do caderno de encargos. Agora diz que havia 7 ou 8 computadores que respondiam àquelas especificações, feitas à medida para beneficiar a JP Sá Couto (e lá surgem os matrecos a gritar pelos submarinos); Ricardo Rodrigues, que andou envolvido com gangs internacionais, é nomeado paladino do combate à corrupção pelo PS; descobre-se que em Portugal os processos de corrupção são arquivados; o PS faz um Código de Execução de Penas que permite aos criminosos sair quando tenham cumprido 25% da pena, e o que fazem os matrecos? Perguntam pelos submarinos; o paladino anti-corrupção socialista propõe que corruptos arrependidos sejam perdoados (eu sei o que queres!); uma associação ateísta, que reúne dois gajos e meio à volta de uma mesa negra para conspirar contra os “ratos de sacristia” – como designam os católicos -, quer negociar com o Estado nas mesmas condições que a Igreja ; “especialistas” em pedofilia e outras mariquices multiplicam-se em declarações sobre o pecado que “enferma” a igreja; entretanto, Ricardo Rodrigues, convoca uma vez mais os jornalistas para falar sobre o que pensa da corrupção; a tal associação ateísta critica a tolerância de ponto que será dada por ocasião da visita do Papa, mas confirma que não irá trabalhar (coerentes, estes senhores) e não abdica de qualquer feriadozinho religioso, porque bom, bom, bom, é estar a coçá-los; e os matrecos gritam pelos submarinos; Inês de Medeiros quer que os portugueses lhe paguem as mordomias de viver em Paris (fosse candidata pelo círculo da Europa!); Paulo Penedos trama Rui Pedro Soares e o seu amicíssimo José Sócrates e confessa que sabia da negociata com Luís Figo e de novo, perguntam os matrecos pelos submarinos; ouvimos especialistas em Economia defenderem o congelamento dos salários e a justificarem os vencimentos principescos dos gestores, argumentando com competitividade (que eles reconhecem não existir) com competência (em empresas monopolistas) com seriedade (como daqueles tipos que andam pela PT, pela REN, pela…) e o que fazem os matrecos? Ah e tal que é para desviar a atenção dos submarinos.
Seria hilariante, não fosse trágico!
Mas, definitivamente, tudo está bem no país dos matraquilhos. Pelo menos, está tudo como deve estar!
*Expressão retirada de uma da música de Sérgio Godinho
3 comentários:
Continua ausente que estás bem...
EB
EB,
querias ter uma opinião única, era? Ou ser o único sa ter opinião?
Só agora vi o teu comentário: creio bem que percebeste mal o que quis dizer. Se quisesse que soubessem a minha opinião escreveria como já o fiz no passado em blogs e não só - mas presunção e água benta cada um toma a que quer...
EB
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