A ministra da Educação persiste na mentira de que os alunos transferidos das escolas que irão fechar serão colocados em escolas com melhores condições. Grande parte destes alunos será transferida para escolas de tipologia semelhante, quer ao nível infra-estrutural, quer ao nível de equipamentos. As escolas encerradas pertencem ao plano centenário e os alunos serão integrados noutras iguais. Os centros escolares não respondem a todas as necessidades e vender esta ilusão é ignóbil e muito pouco sério.
Também é mentira que haja algum critério no encerramento das escolas. Há escolas com mais de 21 alunos que irão encerrar e outras com 8 ou 9 que se manterão abertas. E não se pense que é por razões pedagógicas. A medida é discricionária, decidida pelas DRE’s, muitas vezes em função de interesses político-partidários.
A verdadeira razão para o encerramento de escolas é económica. E acho patético que não se assuma isto de forma frontal. Porque qualquer português perceberia o argumento. Não é, efectivamente, viável manter abertas escolas com 8, 9, vá, 15 alunos. Os custos com docentes, com auxiliares e com cantinas (muitas escolas com meia dúzia de alunos tinham até cozinheiras!) são insuportáveis e não se traduzem em melhores projectos educativos e/ou melhores aprendizagens e aumento de sucesso.
Os recursos são escassos e precisam de ser rentabilizados. E não venham os interesses corporativos dos professores defender o contrário: porque a verdade é que já se antecipava isto há, pelo menos, 4 anos e a maioria dos professores colocados nestas escolas não apresentou argumentos, através do seu trabalho e do seu projecto educativo, que justifiquem o seu não encerramento. Para além dos constrangimentos e prejuízos advindos da fraca sociabilização, estas crianças, na generalidade, não beneficiaram das hipotéticas vantagens que poderiam decorrer de integrarem turmas pequenas.
Por isso, sinceramente, se forem acauteladas questões como o tempo de deslocação (não se pode submeter crianças com 6, 7 anos a deslocações muito superiores a 30 minutos), e desde que os projectos educativos das escolas que frequentavam não se destacasse positivamente e, ainda que as escolas de destino não tenham piores condições que as de origem, sou, francamente, favorável ao encerramento de escolas.
No Alentejo, por exemplo, encerraria 70% das escolas localizadas em freguesias rurais, ora agrupando os alunos noutras freguesias, ora transferindo-os para as escolas situadas em freguesias urbanas.
Mesmo o argumento de que o encerramento de escolas mata as aldeias (do qual já fui apologista) é falacioso, uma vez que, actualmente, não há uma vivência ou interligação entre escola e o meio.
O problema desta medida (que é norma nas medidas dos governos de Sócrates) é a forma discricionária, atabalhoada, apressada e autoritária como está a ser imposta. Bem como a propaganda associada. Melhoria teria sido que as razões que fundamentam esta tomada de posição fossem assumidas com frontalidade. Mas é a forma de estar de Sócrates: ele não sabe estar de outra forma que não a mentir! E isto não é defeito, é feitio…
1 comentário:
Apesar d não concordar totalmente com este post , ou seja acho que a razão de melhoria da aprendizagem dos alunos , apresentadas como únicas, também são validas pelo menos numa percentagem igual ás explanadas aqui de índole económico , mas gostava de saber qual achas que seria a posição dos partidos da oposição se estas fossem defendidas , pois se as mesmas nem são invocadas e já são grandemente contestadas , se fosse a assumir que a poupança era um dos objectivos então o que não seria ...Penso que é parecido com a situação dos aumentos de impostos em que todos estão contra , excepto o P.S. , obviamente , parecendo que será o Governo a ficar com o nosso dinheiro para um cofre próprio ...Admito que se discuta o que fazer com esse acréscimo de dinheiro e até o que já pagávamos anteriormente se está a ser bem usado , não gosto é que se diga que sem discutir a aplicação do mesmo se fecha a discussão com o argumento de nem pensar nisso ...!
Jacinto Gouveia
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