27.1.06

Receitas para o desastre

Infelizmente, continua a abundar por aí, no Dr. Soares e no Dr. Portas por exemplo, mas também em muita outra esquerda esclarecida, uma certa ideia de que é possível negociar com terroristas e com outras espécies de criminosos, monstros e serial killers. Nada mais falso. E perigoso. Porquê? Porque esta ideia parte essencialmente de três argumentos, simples e singelos, que não resistem ao mais ténue abanão. Parte, primeiro, do princípio de que os terroristas são como nós. Parte, segundo, do princípio de que os terroristas não são fanáticos. Parte, finalmente, do princípio de que os terroristas estão dispostos a negociar alguma coisa como gente civilizada. Problema um: eles estão-se marimbando para a nossa liberdade e para a nossa civilização assente no liberalismo económico e na democracia; problema dois: gente que está disposta a fazer-se explodir a meio de um mercado com mulheres e crianças, não é saudável mentalmente, logo não é boa para se sentar à mesa; problema três: para eles só o desaparecimento dos infiéis poderia fazer da terra pecadora a nova terra santa. A receita como se vê não é boa nem é saborosa. E só deixa antever o caminho para um rotundo desastre.