16.10.06

Descobertas

O Público descobriu, através de um estudo encomendado pelo Ministério da Administração Interna destinado à reestruturação das polícias, que a larga maioria dos elementos da GNR não é dada ao uso das novas tecnologias. Diz o mesmo estudo que num total de aproximadamente 25 mil efectivos, apenas 300 têm correio electrónico, um número, pelos vistos, muito aquém do desejado e que manifestamente traduz o arcaísmo da instituição e dos seus elementos. A coisa não escandaliza, nem deve sobressaltar ninguém. O retrato do Portugal profundo está aqui e pedir mais é como pedir o impossível.
Num país onde navegar na net pode custar 35€ ao mês, muito me espanta a quantidade de gente que se predispõe a fazer um sacrifício enorme para ter um serviço péssimo, caríssimo e onde a velocidade de acesso não passa de uma mentira consentida e consagrada.
Quanto aos elementos da GNR, pelos vistos às vezes mais ligeiros no gatilho do que no botão do rato, nada a dizer. Se hoje estes elementos pertencem a uma força obsoleta, a culpa única é do Estado, incapaz de reformar e de requalificar as suas pessoas e de voltar a torná-las válidas para as funções nobres que exercem.
Para terminar apenas um aviso: não estendam estes estudos e estas preocupações aos professores, aos médicos, aos enfermeiros, aos juízes, aos advogados ou a outros largos sectores da função pública. Nunca se sabe quando pode surgir uma verdadeira, e desagradável, surpresa. É que não basta falar muito em tecnologia...