O PS chegou, na Madeira, a uma situação absolutamente desesperada. E no Funchal um grupo, se calhar à revelia da direcção do partido - JCG, para bem ou para mal, ainda não se pronunciou sobre a situação na CMF - tenta minimizar os danos provocados por duas mais mais estrondosas derrotas eleitorais de que há memória. E mostra à saciedade porque razão não poderia, em circunstância alguma, liderar a maior autarquia da Região.
Em primeiro lugar porque não conhece, e nesse caso é ignorante, ou finge não conhecer, e nesse caso é mentiroso, os efeitos provocados pela prevalência de uma série idiota de imposições e normas legais que condicionam de tal forma as autarquias que as tornam ingovernáveis. Tal é observado, e referido, por autarcas do PSD, do PS ou da CDU, ou seja, por gente que tem experiência no assunto. O cumprimento cego do quadro legal levaria à paralização total de órgãos eleitos democráticamente, impedindo por completo a legitima tomada de decisão política. Seria a completa submissão da política às imposições dos técnicos.
Não sabe, ou finge não saber, que uma autarquia deve ser governada quase "rua a rua ou bairro a bairro". É impossível criar planos de orientação macro que imponham regulamentos cegos e surdos, que não tenham em consideração as especificidades próprias do espaço fisico e humano. Tem é de haver coerência na tomada de decisão política, coerência essa que deve advir da ideia de cidade que é proposta, e sufragada, pelos eleitores a cada quatro anos.
Não sabe, ou finge não saber, que todas as alegadas irregularidades apontadas à CMF advéem das tentativas de minimização do tal estrangulamento legal. Sejamos honestos: é necessário, em determinadas circunstâncias, aligeirar procedimentos de forma a viabilizar projectos que tenham interesse económico ou social, ou seja, que sirvam a comunidade. Se foi isso que a CMF fez, já que não existem indicíos das tais "negociatas" ou de favorecimentos pessoais, deve ser condenada? Eu não creio, de facto...
Pode ser que toda esta situação contribua para que se debata aquelas que são, realmente, as condições em que trabalham as autarquias na Região e no país. Pelo menos isso...
A argumentação do grupo do PS é no mínimo "sui-generis" quando pede a destituição de mandato de Miguel Albuquerque. Antes sequer do Ministério Público se pronunciar sobre os documentos entregues, pede-se uma condenação pública. Isto faz sentido?
Furiosos, quais "taliban" cor de rosa, os representantes de uma qualquer facção do PS-Madeira agarram-se ao legalismo extremo por um lado, mas por outro nem admitem permitir que os órgãos que se devem pronunciar sobre o assunto o façam. A ideia é esta: mandamos para a fogueira e depois veremos se era culpado... Seria hilariante se não estívessemos a falar de gente que foi eleita por uma percentagem, mesmo que minoritaria, do eleitorado funchalense.
Há, no caso em apreço, uma tentativa de tomar de assalto a Câmara Municipal do Funchal, inadmissível em democracia. Estou em crer que a situação será cabalmente esclarecida. E que, em 2009 o eleitorado da capital - mais esclarecido, na minha opinião, que o restante eleitorado da Região - dará a resposta clara que esta facção do PS merece.
Post-Scriptum1: Curiosamente, a maioria das alegadas irregularidades foram aprovadas em reunião de Câmara, com votos favoráveis do PS e da restante oposição. Uma curiosidade, apenas...
Post-Scriptum2: O grupo anda a ficar nervoso. É que ao que parece a mensagem não está a passar outra vez. E vai daí, "porrada" nos jornalistas, particularmente na RTP-M, no DN e no Tribuna (este é mesmo apelidado, num determinado blog, de "pasquim". Os jornalistas que lá trabalham serão, apenas mensageiros do poder, autómatos sem acção própria). Em resumo, somos muito democráticos, mas ou nos põem a abrir o Telejornal ou então, porrada neles... E ainda dão querem dar lições, ou amigos, valha-nos Deus Nosso Senhor!
Post-Scriptum3: os tais democratas afirmam-se ainda indignados pelo facto da restante oposição não alinhar naquela estratégia suicida. E querem, a todo o custo, condicionar a estratégia dos restantes partidos, da CDU ao PP. Há ali alguma dose de loucura, ou não?