A ausência dos meus fracos escritos fica a dever-se a duas coisas. À manifesta falta de tempo - não é todos os dias que se fazem 500 Anos -, que é sempre uma óptima desculpa. Mas também a algum desencanto com a blogosfera.
Fui dos primeiros, cá no burgo, a entrar neste admirável mundo que já não é novo. E gostava do ar fresco da coisa. Gostava da leveza com que se encaravam textos que apenas exprimiam humores do momento.
Gostava do sítio porque era pouco frequentado e porque a maioria dos habitués não se levava a sério. Era como estar sentado à porta de um bar de estrada, com uma cerveja na mão, a dizer piadas idiotas sobre o mundo que ia passando a uns tipos que mal conhecia. Sem dramas ou tramas, sem comprometimentos ou aborrecimentos.
Mas de facto, o mundo andou depressa. A tasca fechou e no seu lugar instalou-se uma espécie de restaurante com cerveja estupidamente cara, cheio de tipos importantes a falar sobre coisas importantes. Acabaram-se as piadas sobre o mundo porque o mundo deixou de passar e sentou-se à nossa frente. De fato e gravata, como lhe convém.
Aguentei a conversa por uns tempos. Mas depois fartei-me. Hoje, jornais, parlamento, blogs confundem-se. Os textos, os discursos, os tiques, os interesses são os mesmos. Tal como acontecera no "contenênte", a blogosfera de cá foi tomada de assalto. Legitimamente, é preciso que se diga. Foi um assalto... legítimo (e eu continuo com a mania de escrever tudo de uma vez, sem voltar atrás para corrigir disparates de escrita ou pensamentos verdadeiramente mirabolantes). Mas que resultou naquilo que era esperado, ou seja, hoje a maioria dos blogs são apêndices de partidos. São o "Avante" em versão pós-moderna. São como o jornal do Sporting: Eu leio, porque para mim tudo o que se escreve em letras verde-garrafa é verdade... Mas sinceramente, começa a chatear-me.
Porque hoje já não se escrevem asneiras (para além das minhas, obviamente), porque na blogosfera deixou de haver aquela ternura de Verão de todos os começos. Porque a blogosfera envelheceu e desatou a querer casar e ter filhos e a fazer planos para uma casa de férias. Porque deixou de brincar para se transformar numa merda chata, sem graça, cinzenta, sem ponta por onde se pegue nem corno onde se agarre. Porque se começou a levar a sério.
Por isso, se calhar faço como o brasileiro e tiro "o time de campo". Se calhar... Ou então opto pelo plano "b": continuo a escrever as bostas que tenho escrito ultimamente.
Não sei, vou pensar nisso... Vou ver o que me dizem os astros...
(Allô Allô Maya, tá por aí?)