10.6.08

Será vergonha?

Como devem ter reparado os que gostam de uma boa conspiração (que é como quem diz, os cibernautas que por cá passam), tenho reduzido a minha produção bloguista nos últimos tempos. Sim, o principal motivo é a falta de tempo, misturada com alguma saturação de ter de alimentar o "monstro". No entanto, a principal razão é mesmo a falta de temas. Melhor, há temas sobre os quais gostaria de escrever: o problema é não ter tempo para os desenvolver convenientemente. Assim sendo, tenho optado por não escrever nada.
Uma sorte, dir-me-ão alguns! Não são, contudo, obrigados a ler as minhas larachinhas e há sempre a opção de eliminar do histórico do browser a morada deste blog (ou então, apenas não ler).
Mas porque fiz uma pausa e para que este texto não seja uma inutilidade absoluta, deixo apenas a minha surpresa pelas últimas atitudes do governo da República.
Conforme previsto há uns tempos pela SEDES, Portugal está mergulhado numa convulsão social sem precedentes desde há pelo menos vinte anos. A pobreza aumenta, o fosso entre ricos e pobres não pára de crescer, a classe média começa a ser eliminada, a degradação do sistema e a desconfiança nos políticos generaliza-se. Perante tal cenário, as manifestações contra o governo e as suas políticas (que Sócrates, num exercício atroz de autismo, insiste em atribuir aos comunistas, como se estes pudessem manipular cem mil professores) sucedem-se a um ritmo vertiginoso; somos diariamente confrontados com novos problemas que afectam trabalhadores e empresas de áreas para as quais não estávamos atentos (a pesca e o transporte, apenas para lembrar as últimas); enfim, encaminhamo-nos perigosamente para um certo caos social.
Estando a raiz de alguns problemas distante do centro de decisão política do nosso país, seria, no entanto, natural e expectável que os nossos governantes estivessem atentos e agissem no sentido de minimizar algumas das suas consequências, numa intervenção com vista à reposição da paz social.
O que assistimos, contudo, é imensuravelmente ofensivo e de uma grosseria política ímpar.
Perante a crise nas pescas, o ministro afirmava "esperar" - é verdade, um ministro que entende que o seu trabalho é "esperar"... - que não faltasse peixe nas bancas; uma paralisação nos transportes e o primeiro-ministro que mostra-se dispostos a "ajudar" o sector - vejam bem o verbo empregue: "ajudar", como se a sua função não fosse resolver os problemas dos portugueses -, constituído, na sua maior parte, por pequenos empresários que atravessam uma crise sem precedentes; uma manifestação de 200 mil pessoas e um governo que afirma que não governa pela rua.
O estilo mudou. Não muda, no entanto, a absoluta falta de capacidade e competência para resolver os problemas do país; não há um laivo de criatividade para o desenvolvimento de novos rumos, com novas políticas. Enfim, o país arde e à boa maneira de Nero, os governantes desta nação assistem sem qualquer tipo de intervenção. Pelo menos, por agora, algum pudor ainda os vai impedindo de rir. Veremos até quando!

4 comentários:

Su disse...

na verdade já tinha sentido a falta dos teus escritos......
isto sem bajulação, coisa que abomino

gostei de ler.t
infelizmente assim é pt......

jocas maradas de bom tempo

soslayo disse...

Sancho Gomes:

No meu entendimento um blog é, sobretudo um meio de lazer e entretenimento sem no entanto deixar de ser uma coisa séria e honesta. Se assim não fosse, passaria a uma obrigação que por vezes as pessoas não dispõem de tempo para "sustentar o monstro" como bem dizes.
Quanto à convulsão social, há algum tempo atrás a SEDES fazia referência a isso. E, até mencionavam o seguinte: "com conseguências difíceis de prever". Nesse sentido acho que tudo isto que está a acontecer, ainda está no início. E porquê? Porque Sócrates tomou conta do país e achou-se dono dele, ele e os seus ministros. A ver vamos... aguardemos. Saudações bloguistas.

amsf disse...

É triste que pessoas tão "viajadas" ainda não tenham percebido que não é apenas o país que está a "arder" mas o mundo! Para mim tudo isto não é surpresa e a solução passará pela "guerra" e por um recomeçar de novo! Um recomeçar com menos pessoas e com pessoas sofridas cujas expectativas estejam ao nível pós Segunda Guerra Mundial! Em Janeiro deste ano deixei um aviso e para não passar por "maluco" guardarei o meu pessimismo para mim mesmo!

Sancho Gomes disse...

Su: ;-)
Soslayo: absolutamente de acordo
amsf: vc já passa mesmo por maluco, por isso mais vale arriscar...