4.12.09

O futuro do PSD e do país, num debate com elevação

Nunca fui um entusiasta da liderança de Manuela Ferreira Leite, apesar de ter defendido que no momento em que concorreu era quem melhor se perspectivava para os combates políticos que se avizinhavam.
Mantenho que esta poderá ter sido a melhor de todas as más soluções. Achava então, como acho agora, que para contrapor à vigarice propagandística de Sócrates, o PSD deveria apresentar uma imagem de rigor e de seriedade. Também defendia que as eleições seriam um laboratório interessante: imagem vs conteúdo, publicidade vs política. É certo que acabou por não ter sido bem assim, muito devido aos erros da direcção (e Cavaco ajudou à festa). Todavia, serviu para nos mostrar que os portugueses gostam da forma e a isso não há volta a dar.
Contudo, esta liderança teve o mérito de apresentar ao partido e ao país bons quadros e de revelar potencialidades que se adivinhavam mas que se mantinham ocultas. Falo de Paulo Rangel, no primeiro caso e de Aguiar Branco e Paulo Mota Pinto, no segundo.
Também é certo que serviu para mostrar os flops e acabar com dúvidas, se as houvesse, como foi o caso de António Borges, uma absoluta insignificância política.
Mas, findo este período, é essencial que o partido reflicta o futuro e se prepare para os períodos conturbados que se irão viver em Portugal. Mais, que se prepare para ser governo, porque isso poderá acontecer a curto prazo.
E por isso e porque não gosto de unanimismos ou de sebastianismos, acho que é fundamental que nas próximas eleições haja mais do que uma candidatura. O PSD precisa de fazer um debate político intenso, que envolva a sociedade e comunique com ela. Porque a verdade é que o partido tem muito dificuldade em actualizar-se a perdeu a matriz “ligeira” com que se posicionava na sociedade. Faço um mea culpa e reconheço que as proporcionalidades que existiam dentro do PSD e que lhe permitia comunicar com uma um múltiplos sector sociais, que faziam com que fosse o partido mais abrangente, perderam-se. O partido deixou de ser pragmático, sem que com essa perda tivesse algum ganho a nível programático.
Por isso, é fundamental, na minha opinião, que a próxima liderança traga alguém jovem, que saiba comunicar com a sociedade. É preciso alguém com ideias novas, arejadas. É preciso que o partido se torne mais cosmopolita e reforce a sua posição no meio urbano. Que mantenha a sua versatilidade tradicional, sustentada numa matriz ideológica clara, mas que se apresente inovador, renovador e ágil. Exige-se que sejam apresentadas soluções novas e que não se perpetue o discurso seguidista do politicamente correcto. Que recuse um partido e um país sem vontade, sem liberdade de decisão, submisso e fatalista. Não estamos condenados e é preciso que a liderança do PSD transmita essa ideia.
Para já não discuto pessoas. Haverá tempo para isso. Espero é que os putativos candidatos tenham em atenção que nesta disputa política está mais em causa do que os seus pequeninos egos. Em causa está, não apenas o partido, mas essencialmente o país, que estará de olhos postos. Exige-se, portanto, elevação de todas as partes!

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