15.1.10

Casamento entre pessoas do mesmo sexo ou a natureza das coisas

Como a generalidade dos leitores deste blog deverá saber, oponho-me radicalmente ao casamento entre pessoas do mesmo sexo: por razões de princípio e por motivos intelectuais.
Vamos aos motivos intelectuais: não vi um único argumento válido e inteligente para a defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Papagueiam o fim de uma alegada discriminação, mas não há argumentação dedutiva. Vi serem atiradas frases feitas que tanto serve para isto como para o seu contrário. Meros “soundbites”.
E não vi argumentação porque ela não existe.
O casamento entre pessoas do mesmo sexo é, na generalidade, uma aberração nascida da birrinha de uma esquerda bem-pensante, mas que, paradoxalmente, pensa pouco e com muito pouca profundidade acerca das coisas. Limita-se a ficar à superfície, na aparência, no que é fácil e imediato.
E nesta aparência muitos ficaram presos. Só assim faz algum sentido, na minha cabeça, que pessoas que prezo, admiro e reconheço intelectualmente se tenham enredado nesta questão. Admito que muitos dos defensores dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo o façam porque acreditam estar a combater uma discriminação. Mas a verdade é que não se baseiam em argumentos, mas na emotividade circunstancial (imutável é que uma relação natural e normal seja entre pessoas de sexo diferente).
Já Napoleão o tinha dito: “eu tenho um amo implacável: a natureza das coisas”. E pode-se arranjar os "soundbites" que se quiser mas a natureza do casamento é a unidade entre um homem e uma mulher, porque a natureza do casamento é a constituição de uma sociedade primordial que garanta a subsistência da espécie humana. Não somos heterossexuais por capricho: somo-lo por uma questão de sobrevivência! Esta é a natureza das coisas.
Por outro lado, esta vertigem progressiva, que impõe a relatividade moral como o absoluto na organização social, está a criar uma sociedade e, em última análise, uma civilização que eu não quero deixar como legado à minha descendência. Prezo demasiado o seu futuro para não me preocupar.
Hoje, para um determinado grupo da esquerda libertária, a liberdade e a tolerância são valores absolutos e sobrepõem-se a todos os outros (ainda que, a exemplo do mestre Bakunin, demonstrem tolerância apenas para com aqueles que pensam da mesma forma e muito pouca com os demais).
Ora, para mim, existem muitos outros valores que se equiparam e, mesmo, que os superam.
Aos que defendem a liberdade absoluta, para que o indivíduo frua a vida em toda a sua plenitude (não é isto que defendem?), eu oponho a racionalidade colectiva.
Este individualismo (não mistifiquemos. Em rigor, dizer-se que não nos queremos meter na cama dos outros – como se os que se opõem aos casamento entre pessoas do mesmo sexo pretendessem imiscuir-se na esfera privada – revela um individualismo absoluto e denuncia algo bem menos positivo: significa que o indivíduo suporta cada vez menos o Outro) já havia sido denunciado por Lipovetsky ou Camps, que demonstraram o quanto fragiliza não apenas a sociedade e a civilização, mas em última análise o próprio indivíduo.
Porque a verdade é a sociedade cool que defende estas causas ditas fracturantes (representada em Portugal pelo BE e muitos outros que pululam por outros partidos) esquece que elas (as causas) resultam de um excesso de consumo, entendido como veículo para a felicidade (a liberdade sexual levou ao excesso, transformando a sexualidade em mais um produto de consumo).
A raiz desta forma de estar no mundo é exactamente a mesma que fez nascer o individualismo hedonista que, por sua vez, leva à indiferença colectiva perante a sociedade e valores civilizacionais.
O mundo que preconizam, onde tudo o que pareça constante, imutável, tem de desaparecer, dominado pelo pragmatismo da acção e por muitos clichés, leva à superficialidade, a futilidade e à trivialidade e, em última análise, à anarquia ética.
Tudo é permitido, sem qualquer critério sólido de conduta e, como bem dizia Rojas, toda a moralidade converte-se numa ética de "regras de urbanidade ou numa mera atitude estética".
Ora, permitam-se que eu recuse um mundo assim. Eu não quero um mundo sem valores! E por isso sou, radicalmente entre pessoas do mesmo sexo.

2 comentários:

Su disse...

somos....somos.........

jocas maradas...sem stress..respira fundo que o ataque virá a caminho:)))))))))))))))

Anónimo disse...

Será que os iguais que se atraem não serão diferentes no género?! Sexo e género sexual podem parecer a mesma coisa mas não são!


amsf