Sobre a Plataforma Democrática, já disse porque é que considero um projecto falhado, um nado-morto, um aborto ideológico.
Contudo, a proposta apresentada pelo PS-Madeira tem algumas virtudes e até algumas potencialidades. Efectivamente, um poder de 40 anos gera vícios que jamais serão combatidos por dentro (o regime não se regenera) e uma plataforma alargada, num movimento cívico de cidadania e participação (serão os partidos políticos capazes de honrar esta democracia participativa?) pode ser a resposta para a alternância democrática.
Há, não obstante, questões que o PS e Jacinto Serrão terão, obrigatoriamente, que responder. Porque não basta ao líder do maior partido da oposição pedir um cheque em branco aos cidadãos e aos movimentos associativos. É preciso dar mostras de boa vontade que comprovem a bondade deste projecto e o seu empenhamento em combater os vícios que dominam a governação.
E já todos conhecemos Jacinto Serrão de ginjeira para perceber que ele põe, frequentemente, os interesses do seu partido à frente dos interesses da Madeira e dos Madeirenses (vocifere o que quiser, mas a verdade é que a LFR teve a sua anuência).
Dando de barato que a maioria na Assembleia Legislativa Regional não tem capacidade política para dar a volta à grave crise em que a Madeira está mergulhada, a verdade é que a maioria na Assembleia da República também não é capaz de governar convenientemente o país. E se o PSD-Madeira é responsável pelo actual estado de coisas na Região, o PS é responsável pela crise portuguesa (governa o país há 15 anos, com um pequeno interregno). E se o poder, na Madeira, é autocrático, não o é menos em Lisboa. E se Jardim promove o culto da personalidade, Sócrates é o expoente máximo do narcisismo.
Não me peçam, portanto, para confiar em alguém que não denuncia o nepotismo de Sócrates e seus apaniguados, que não critica o prepotência do regime que o PS implementou no país, que não se insurja contra a prática legislativa feita à medida, que não condena uma governação feita a pensar em interesses partidários e privados; que não reprova atitudes persecutórias, desde que isto tudo venha dos seus camaradas de partido.
Se quer que os madeirenses confiem em si, terá de mostrar que vem por bem! E garanto-lhe que não é beijando os pés de Sócrates que lá vai. Enquanto insistir nesta tónica servil de elogio ao “magnânime” líder, da minha parte e da parte dos madeirenses independentes, continuará a não ser minimamente digno de qualquer voto de confiança. Logo, condenado à travessia no deserto.
1 comentário:
Apoiado!
Jacinto Serrão deverá fazer o que AJJ sempre fez desde que se tornou Presidente do Governo Regional. Concorde ou não com o que se faz no governo da República deverá seguir as pisadas do AJJ por razões simplesmente maquiavelicas. Se com isso "seduzir" a veia anti-socrático do sr. Sancho e outros ainda melhor.
Um líder político que se preze tem inimigos externos sempre à mão para esconder os seus próprios problemas internos.
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