20.10.10

O problema estrutural

As propostas do PSD são mais do que razoáveis e abrem uma porta importante para minimizar as consequências do descalabro socialista. Mas o problema português continuará a ser um problema de natureza estrutural e não de natureza conjuntural. Por mais que cortemos agora nos salários e aumentemos os impostos, o nosso estilo de vida continuará irremediavelmente condicionado por muitos anos, provavelmente por várias gerações, uma vez que a tendência óbvia pende para um empobrecimento generalizado, fruto da nossa incapacidade de vencer num mundo em transformação absoluta.

A geração do pós-25 de Abril, ainda não interiorizou que vai viver pior do que a geração que a antecedeu. Será assim urgente que o país, para além do equilíbrio orçamental e do restabelecimento da credibilidade no exterior, se transforme radicalmente e se adapte a um mundo complexo onde as regras rígidas do século XXI são letra morta em muitas partes do mundo.


O país precisa nestas condições, e para além destas medidas draconianas impostas por um governo autista e que mentiu deliberadamente aos portugueses durante demasiado tempo (o que se devia configurar como um caso de polícia, uma vez que agravou consideravelmente o preço da factura), de políticos corajosos e destemidos. De políticos que coloquem o país nos eixos ao mesmo tempo que as contas públicas se equilibram. Nunca como hoje foi urgente mexer na lei fundamental do país (que não deve ser em circunstância nenhuma um documento ideológico igual a um programa de governo, hermeticamente fechado e inacessível à maioria dos cidadãos) e repensar o que queremos para a educação, saúde e justiça nacionais.


O país só será viável se tiver uma educação que eduque e prepare (sem estas maleitas progressistas e idiotas que apenas criam analfabetos e uma nova estirpe de coitadinhos e incapazes), uma saúde justa (onde quem pode, paga) e uma justiça que funcione dentro de prazos mínimos razoáveis e que seja de confiança (independentemente de se meter na ordem juízes, advogados e restantes agentes judiciais). É apenas um começo depois de tanto tempo passado a assobiar para o lado e a fazer de conta que se mexia em alguma coisa.


O PSD mais cedo ou mais tarde terá esta enorme responsabilidade nas mãos. São mais medidas duras, mas são mais medidas necessárias. Porque ou safamos o doente com um plano de longo prazo que inclua uma vacinação que o imunize, ou damos-lhe um simples antibiótico que lhe combate a infecção, mas que não lhe evita a mais que provável recaída.