5.4.05

Menezes

Luís Filipe Menezes representa a ala mais populista do partido. Contra si tem a péssima experiência recente de Santana Lopes (que o PSD não quer ver tão cedo repetida) e os barões que muito provavelmente já lhe minaram o terreno acertando as suas estratégias pessoais com o cavaquismo revisitado. Mas louve-se a ousadia de Menezes na promoção de rupturas e no agitar das águas com algumas medidas interessantes e mediáticas (ainda que só).
Menezes estará praticamente sozinho, totalmente despido de gente influente nas suas fileiras e com muito poucas hipóteses de sucesso. Tão cedo ninguém esquece a tragédia santanista e Menezes tem sobre si essa velada ameaça de representar uma espécie de ressurreição. Mas pelo menos vai à luta, apresenta moção, candidata-se e, espera-se, não desiste. Outros não podem dizer o mesmo.
A esta distância é duro antecipar o resultado que o espera, mas Menezes, é um combatente hábil que venderá, certamente, cara a derrota. Joga com o facto de não pertencer à classe política lisboeta o que é, simultaneamente, uma vantagem e uma desvantagem (é muito complicado penetrar em classes herméticas que se protegem e se reproduzem). Contudo podia ter evitado alguns exageros que denotam insegurança e pequenez de horizontes: dizer que vai ter uma mulher como secretária-geral e que vai dar o cargo de secretário-geral adjunto à JSD são propostas perfeitamente desenquadradas, que não têm qualquer sentido prático e que se podem revelar erros políticos graves explorados pelos seus adversários.
No PSD, parece-me óbvio, acontecerá como no PS na altura de Soares, Alegre e Sócrates: ganhará o candidato que mais rapidamente der garantias de um rápido retorno ao poder. E esse candidato, para os barões e seus derivados, não é Menezes. Já se percebeu isso.