4.5.05

Bem aventurados

Bem aventurados os medíocres defensores da limitação de mandatos porque, finalmente, chegarão ao poder.
Esta discussão em torno da limitação de mandatos não passa de duas coisas muito simples:
- a primeira tem a ver com a manifesta e gritante incapacidade, demonstrada pelos preconizadores e defensores desta medida, em apresentar uma credível alternativa política àqueles que, sistemática e democraticamente, têm merecido a confiança dos eleitores.
- em segundo lugar e associado à primeira, vem o escabroso e ridículo ajuste de contas em relação a Alberto João Jardim.
Face a esta investida dos actuais sectores dominantes sou assaltado por diversos sentimentos dos quais destaco a comiseração e a vergonha. A comiseração em relação ao complexo de inferioridade que os proponentes da medida apresentam. Incapazes de combater no mesmo terreno e com a mesmas armas, refugiam-se nos seus gabinetes, aventando golpes baixos de secretaria, julgando-se seres superiormente inteligentes. A vergonha surge perante a manifestação de "chico-espertismo" de um punhado de paladinos da liberdade e da democracia, que mais não fazem do que ferir de morte a regra primeira do sistema democrático: a liberdade de escolha dos seus representantes pelo povo, sem constrangimentos nem limitações temporais.
Argumentam, os incapazes, que esta é a única forma de evitar situações de corrupção, manipulação, compadrio ou favorecimento. Uma vez mais, recorrem à portuguesinha solução de ir pela via mais fácil, esquecendo-se que estão a substituir-se a outras entidades no combate a estes fenómenos (Ministério Público, órgãos de fiscalização, polícias....).
Em última análise, passam um atestado de menoridade intelectual aos eleitores. O voto é a arma mais poderosa que a democracia possui, o seu carácter secreto e universal permite que os cidadãos possam decidir acerca do rumo que a sociedade deve tomar. Haja capacidade dos responsáveis políticos em apresentar programas credíveis, que respondam às necessidades da população e que resolvam os problemas.
Que penoso é assistir às comemorações do 25 de Abril, onde os ditos "pais da democracia", em seus fatos de gala e em todo o seu garbo, vomitam loas à liberdade para, no dia 26 de Abril, promoverem acometidas violentas contra o povo que os sustenta.
É tempo de nos deixarem em paz, é tempo de nos libertarmos do jugo saudosista e retrógrado dos guardiães do templo. Falam de Abril como ponto de chegada quando não passa, apenas, do primeiro pontapé de saída. Recusam-se a evoluir, adormeceram ao som de Zeca Afonso e entorpecidos mantiveram-se, Nada disto seria muito grave se, não fossem estes os mesmos que nos têm governado de há 30 anos a esta parte.
Esta insistência imobilista e imobilizadora atinge, agora, o seu auge com a intenção de limitar os mandatos. Eventualmente, a lei passará trazendo consigo a morte de Abril e fazendo com que o povo português se veja limitado, gravemente limitado, no exercício dos seus direitos e liberdades.
Definitivamente, o regime agoniza num estertor decrépito e irreversível, saibamos mudá-lo.

5 comentários:

Anónimo disse...

Sinto muito mas os seus argumentos tb pecam por pobreza! Vamos aos factos se formos pela via do MP de lá nunca mais saímos, a polícia? concerteza deve estar a brincar! Órgãos de fiscalização, quais pergunto eu? Afinal o mérito de escrever tanto é só para dizer que apoia o governo laranja.

Marisa Frade.

Anónimo disse...

Para a sua informação eu até sei quais os órgão de fiscalização, mas a verdade é que continuo a perguntar quais, porque se bem se lembra do país onde vive nada funciona nessa matéria. Ou então, perdem tempo em auditórias que concluem nada. Daí dizer que os seus argumentos também são fracos.

MF

Henrique Freitas disse...

A limitação de mandatos pode ser um pau de dois bicos: por um lado ao limitar os mandatos estaremos (e concordo com isso) a limitar a vontade popular. Por outro lado também acho que eternizar uma pessoa num determinado lugar (ou cargo se preferires) gera vícios. Aí medram lobbies e grupos de interesses mesquinhos. E isto tanto vale para laranja como para rosa, azul, verde, vermelho, preto ou outras cores políticas que tais. O poder infelizmente tem destas coisas.
Em relação às comemorações do 25 de Abril, se realmente se aproveita esse dia para tirar o fato do armário e ir para a ALR dizer deste e daquele, então mais vale nem comemorar Abril.
A meu ver, política deve ser sempre feita no interesse directo das populações e não nos interesses de grupos ou de particulares como infelizmente se faz. Esta observação não se restringe aqui ao rochedo, entenda-se.

Anónimo disse...

Um histórico do PS há uns anos atrás falando sobre o tema, dizia que uma das formas de combater uma classe política sem missão, seria aumentar significativamente os ordenados dos deputados da AR. Assim, dizia, só os melhores trabalhariam em prol da nação e do bem comum. E poucos cederiam as pressões. Assim, se credibilizava a imagem dos políticos.
Será uma solução? Não sei, não creio. Já que isso não resolve o assunto dos lobbies, porque eles existirão sempre e cumprirão sempre o seu desígnio. E no fundo, como se diz , todos tem um preço.
Por isso, defendo que para já a solucção passa pela limitação dos mandatos. Porque infelizmente não há democracias ideais e de uma forma descarada se vê que o poder exercido por muito tempo pelo mesmo indíviduo gera vícios, como muito bem frisou o Henrique Freitas. E não faltam exemplos!

Marisa Frade.

Anónimo disse...

Essa seria uma solução viável. Mesmo que falível, porque até nos EUA há financiamentos duvidosos. Basta recordar a polémica que envolveu a primeira candidatura de Bill Clinton, com um clima de suspeição sobre a forma como Hilary Clinton conseguiu obter os fundos.
De facto, não há situações ideiais. Esperemos apenas que bom senso reine. Parece muito imporvável, não é? Mas, a esperança é a última a morrer.

Marisa Frade.