"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
10.8.05
Cinco
Com a imensa panóplia de possibilidades de participação electrónica (através do email, do telefone, de SMS, etc) a política vê-se confrontada também com um constante escrutínio público que lhe quer impor o modo de condução do processo eleitoral e, claro, as próprias acções governativas, ao sabor das populares sondagens e da sua própria exposição. Estamos por isso a assistir a uma transferência de poder do topo da pirâmide para a sua base, consequência da introdução de princípios de democracia directa: por um lado, esvazia-se o conteúdo do político, desresponsabilizando-o de tomar as decisões; por outro lado, coloca-se nas mãos de indivíduos, que reagem por estímulos e com base naquilo que vêem, as decisões que pesam sobre todos nós. O político perde a coragem de decidir contra aquilo que as maiorias pensam, o que resulta na introdução, não das políticas necessárias, mas sim das políticas populares. As consequências são nefastas.