Em polvorosa anda o país desportivo. E a comunicação social afecta ao Benfica, que é quase toda. Criou-se por aí uma espécie de esperança que gerou uma excitação inusitada e incompreensível junto do Benfica (que, recorde-se, é último classificado do pior grupo de sempre da Liga dos Campeões: 8 golos marcados em dez jogos realizados) e dos benfiquistas que andam convencidíssimos que vão eliminar o Manchester United, uma ideia criada com a conivência da comunicação social, apenas para enganar papalvos e gerar falsas esperanças. Para isso nada como ir buscar ao baú das memórias o Eusébio e os jogos míticos do passado (a época de ouro) já só possíveis de ver em edições especiais em DVD ou em programas da RTP/Memória. Mas para alcançar o sonho, só falta mesmo ganhar o Manchester United. Em casa. Coisa de pouca monta como se vê.
Não entremos por isso, em euforias balofas e sem sentido: o Benfica será logo à noite, claramente, eliminado das competições. E eu como adepto do futebol não entro em patriotismos saloios que nos dizem que devemos sempre apoiar as equipas portuguesas nas competições europeias. Apoio-as se tiverem um mínimo de qualidade e decência. No resto, a Pátria que nao me peça favores que não os faço. Entre um Manchester United e um Benfica nos oitavos de final de uma competição como a Liga, eu prefiro, de longe, o Manchester. Em primeiro lugar, porque me dá garantias de bons jogos e, em segundo lugar, porque me dá garantias de futebol de ataque, sem tropeções e sem as desculpas do costume. Para além do mais, o futebol é demasiado importante para ser conivente com o tipo de gente (presidentes, treinadores e jogadores) que por aí (ler no futebol português) deambula impune: gente sem classe, sem carisma, sem ideias e sem inteligência. Quanto a mim, o futebol em Portugal é um redundante equívoco. E um exercício pleno de masoquismo, que não merece o mínimo crédito.
Amanhã, as manchetes dos jornais serão todas iguais: fizeram falta os lesionados e/ou o árbitro e/ou a falta de sorte do costume. Pelo meio, vão esquecer que o Manchester recebeu o Benfica com sete lesionados e que nem por isso deixou de cumprir com a sua obrigação: ganhar o jogo. Coisa que, por exemplo, o Benfica não fez quando “recebeu” o Lille “fora de casa” (precioso eufemismo) e perante 40 mil emigrantes.
Mas claro que, e apesar de tudo, o Benfica continuará a ser o maior clube do mundo. Pena que o mundo não se resuma a Lisboa ou à treta das fronteiras deste país. Ou mesmo à Bulgária, Moldova e países dentro do género.Aí não haveria a mínima dúvida.