10.1.06

Inovar às Nove

Recentemente, a RTP-M inovou. E no Jornal das Nove colocou uma apresentadora de programas a fazer um directo, como se de uma jornalista se tratasse. Não consta que o Sindicato do sector tenha tomado uma posição em relação ao ocorrido. O que seria de esperar face a posturas assumidas pela organização sindical há poucos dias em situações que, na minha opinião, são de menor gravidade

Eu percebo a falta de meios humanos e técnicos da televisão da Madeira. Nada me move contra esta, ou contra direcções anteriores. E reconheço até o esforço que vem a ser feito para melhorar o produto oferecido aos telespectadores. Mesmo assim, entendo que há confusões que devem ser evitadas. E que tudo deve ser feito para manter perceptível a fronteira entre jornalismo e entretenimento.

Entendo também que é importante assumir uma postura mais firme face às imposições dos centros de decisão em Lisboa e Porto. É que os poucos meios que terão com certeza servido para justificar o inovador directo, justificariam também uma tomada de posição forte em relação à duplicação de equipas de reportagem em certos acontecimentos.

As visitas dos candidatos presidenciais são, normalmente, acompanhadas por jornalistas da Madeira e de Lisboa ou Porto. E, curiosamente, muitas vezes as equipas que vêem do continente limitam-se aos directos da praxe para o Telejornal, deixando a elaboração das peças que serão apresentadas nos blocos seguintes (24 horas, Jornal da Tarde do dia posterior) aos pobres "correspondentes" de cá (aconteceu, por exemplo, na visita de Manuel Alegre).

A RTP esquece-se de que os profissionais que estão na Madeira são jornalistas de corpo inteiro. Com capacidade mais do que suficiente para cobrir qualquer acontecimento que ocorra na Região ou até mesmo fora dela. Seria importante que a direcção da RTP-M "lembrasse" isso mesmo em Lisboa, contribuindo para motivar uma redacção pequena, com excelentes profissionais, tantas vezes maltratados de forma injusta.