17.3.06

A Democracia das hordas





De França vem um bom exemplo, sempre que não concordar com uma posição ou proposta do governo, sairei à rua e, munido de uma barra de ferro ou de um sólido paralelipípedo, rebentarei com o primeiro pára-brisas que encontrar, deitarei fogo a uns quiosques e, "la cerise dans le gateau", partirei a boca ao primeiro agente da autoridade que encontrar.

Ai de quem me criticar. Então já não tenho direito a exprimir a minha indignação contra as ideias de quem tem a maioria (condição indispensável para governar) ? Que é feito do direito à manifestação ?

Estes energúmenos, saudosistas de Daniel Cohn-Bendit, marionetas manipuladas por agitadores profissionais, confundem oposição com brutalidade, vandalismo, por muito nobre que seja a sua causa, com este comportamento selvagem estão a reduzir-se a banais criminosos. Convenhamos que é uma forma radical de faltar às aulas, sempre se queimam umas horas e, no fim do ano, se existir o risco de chumbo, volta-se para a rua e parte-se mais qualquer coisa. Estou até admirado pelo facto dos profissionais da arruaça bloquistas ainda não terem organizado uma excursão de finalistas a Paris, para dar uma ajuda, há muita pedra na capital gaulesa.

Manifestações têm havido, muito mais concorridas, em defesa de assuntos muito mais sérios e as coisas têm decorrido com toda a normalidade. Este não é um problema de liberdade de expressão, é sim uma questão de comportamento selvagem, de frustrações reprimidas. Já se andam a queixar de violência policial, que dirão os proprietários dos veículos queimados, das montras estilhaçadas, dos quiosques arrasados pelas chamas, dos jardins espezinhados ? A esses nunca se pergunta nada, são danos colaterais.

Os ruidosos bácoros do costume chamar-me-ão fascista e outros epítetos do género, é a sua especial forma de respeitar a opinião dos outros.

3 comentários:

Unknown disse...

Carlos:

Concordo com partes do teu texto. Mas acho que mais importante do que ver o que se passa à superfície é perceber as causas para a ocorrência dos acontecimentos em questão.

Nenhum fenómeno como aqueles que vêem acontecendo em Paris há meses nasce de geração espontânea. Surge, sim, com registo de paternidade (perdoa-me a linguagem corrente).

As palavras de Sarkozy em Novembro só provocaram motins porque foram pronunciadas num terreno e num ambiente propícios a que isso acontecesse. De igual modo os levantamentos estudantis só se justificam pelas incertezas de que se reveste o futuro dos jovens de França, e da própria União.

A Europa vem, gradualmente, mudando o seu modelo social. Questões como a flexibilização do mercado de trabalho, o incremento da mobilidade laboral, o crescimento do trabalho precário, o reequacionamento dos sistemas de segurança social, de saúde e de educação parecem liquidar aquilo que eram dados adquiridos.

Se ao processo de transformação juntarmos a crise porque parecem passar algumas instituições seculares (Estado, Igreja, Família, Escola, por exemplo), bem como fenómenos como a Exclusão, a Imigração, a Cultura de Massas e de Consumo acentuada por uma Globalização que parece incontrolável, teremos um cocktail explosivo.

Criticar a forma é importante. Mas parece-me que mais significativo será analisar o conteúdo. Até porque o mundo é, neste momento, um lugar perigoso…

Um abraço

Gonçalo

Anónimo disse...

Oinc oinc

Anónimo disse...

Meus senhores,
Concordo com o ponto de vista do Gonçalo. Deixo contudo um comentário quanto ao comportamento dos EUA no Iraque. Sim, eles entraram sem um aval internacional contudente.
Sim, o George Bush comporta-se como um imperador capitalista. Sim, o Dick Cheney não sabe atirar!Contudo, o facto é que os americanos estão lá. Temos que aceitar e passar a frente. Neste momento o que mais me preocupa é a tensão religiosa que se vive... ninguém está a salvo nesse país. Todos os dias morrem pessoas inocentes e americanos também, vidas que se perdem sem sentido. Acho que foi um erro. mas, agora mais do que nunca devemos ajudar, no sentido de encaminhar o país a uma paz negociada. Não podemos permitir que o Iraque se transforme num ninho de radicais islâmicos. Acho que em vez de criticar, deveríamos de uma vez por todas dar uma mão aos americanos.

beijos para os dois,

Marisa Frade