10.8.06

Co Adriaanse

O futebol português, como toda a gente sabe, detesta gente educada, aprumada e bem vestida. Daí que seja normal o afastamento (ou demissão) do treinador do Porto por motivos, julgo eu, relacionados com alguma questão de autoridade ou descontentamento com o plantel. Confesso que não era grande admirador do senhor nem do futebol enfadonho e repetitivo que o Porto praticou uma época inteira e que chegou a desesperar muita gente. Mas uma coisa reconheço: Adriaanse era um cavalheiro, um perfeito gentleman, que assumia totalmente as suas responsabilidades, mesmo quando isso nos dizia inapelavelmente que ele era totalmente deslocado da realidade imunda, prática e teórica, do futebol português. Por isso, é com alguma pena, mas também com alguma satisfação, que o vejo partir. É que o nosso futebol merece mesmo é os Pachecos, os Cajudas, os Necas, os Santos e os Bentos: tudo gente com muito mais nível, que enche estádios e que em muito contribui para a pacificação e clareza do futebol português, nomeadamente no sector da arbitragem.
Como em muita coisa na vida, a corda rebentou no lado mais fraco. Infelizmente, para o futebol português. Acho eu.