Como já fui acusado de machista e até de misógino, deixo aqui um poema de fim-de-semana algo feminista. Divirtam-se!
ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Sátira aos HOMENS quando estão com gripe
Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai mulher que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai mulher , mulher , não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai mulher, mulher fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior, Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai mulher, mulher nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai mulher, mulher que vou morrer.
1 comentário:
Pois que morra! E sozinho... ;)
És misoquê?
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