Vasco Pulido Valente faz hoje uma crítica absolutamente arrasadora ao Rio das Flores, último romance de Miguel de Sousa Tavares.
De forma exaustiva, Pulido Valente aponta a completa falta de estilo do jornalista-aspirante a escritor-comentador-moralista, a inconsistência dos personagens - logo, da própria estória -, a presunção e superficialidade das conclusões apresentadas e uma infinidade de falhas, erros e incorrecções históricas. E faz isto tudo (Pulido Valente, leia-se), justificando, pontualmente, a necessidade do rigor quando se pretende escrever um romance histórico, pois ainda que ficção, não se pode subverter a nosso bel-prazer os factos. Quando muito, podemos defender uma ou outra tese interpretativa desses mesmos factos. Não podemos, pura e simplesmente, adulterá-los ou fingir que não existiram. Pulido Valente apresenta ainda indícios de que a bibliografia apresentada no romance ou não foi consultada de todo, ou o foi superficialmente, havendo, por parte do autor recorrentes afirmações que denotam ignorância relativamente aos assuntos a que se refere.
Não sou minimamente competente para avaliar a exaustiva lista de erros apontada por Vasco Pulido Valente. Não será, contudo, difícil acreditar nele, conhecendo a falta de rigor, a superficialidade e o olhar light com que Miguel de Sousa Tavares vê o mundo que o rodeia.
Reconheço que para além das crónicas do Expresso, apenas li O Menino do Rio de Sousa Tavares. É um livro pateta, como o são todos os livros de literatura infantil - apesar de fundamentais. Insistentente, têm me recomendado a leitura de "Equador". Confesso que mantinha uma forte resistência. Mas, após esta crítica, apenas se algum dos meus amigos resolver me presentear com romances de Sousa Tavares é que equacionarei a possibilidade de o ler. A questão de ler ou não ler Sousa Tavares deixou sequer de ser uma questão.
PS - Vasco Pulido Valente não o faz, mas após aquela crítica apetece dizer que Miguel Sousa Tavares se alguma coisa literarária tem, é a sua mãe. Cujo sobrenome teve o bom senso de não adoptar!
PS2 - Conhecendo o carácter intempestivo de Miguel Sousa Tavares, conforme alerta muito bem e com ilustrações Vasco Pulido Valente no início da sua crítica, não será de estranhar uma reacção violenta. Aguardo ansiosamente!
2 comentários:
Amigo e camarada Sancho,
Antes de mais nada, um grande abraço, porque há algum tempo que não escrevo neste espaço.
Sobre o Miguel Sousa Tavares, aconselho, mesmo, o 'Equador'. Ainda não li o 'Rio das Flores', mas a Marta leu e gostou. No que respeita à qualidade literária, está muito acima da literatura 'light' e de todos esses Paulos Coelhos e Margaridas não-sei-o-quê...
Reconheço que MST não é uma pessoa fácil, sobretudo porque é frontal nas suas opiniões. Podemos concordar com elas, ou não, mas eu sempre preferi quem não é politicamente correcto e nisso o MST, meu 'companheiro' do FC Porto, não é.
Quanto ao Vasco Pulido Valente, estou à espera de ler o primeiro texto em que diga que gostou de alguma coisa. Cultivou um estilo de crítica destrutiva que facilmente resvala para o insulto e a falta de argumentos. Creio que as pessoas são condescendentes com alguém que se considera um génio, mas que nunca produziu nada de grandioso.
Uma vez li uma definição de puritanos excelente: 'são seres que permanecerão infelizes enquanto houver alguém feliz no mundo'.
VPC não é um puritano, mas o resto da definição pode ser aplicada.
Outro abraço
Jorge Freitas Sousa
Amigo Jorge,
é toda a tua opinião que respeito.
Esclareço só que quando afirmei que o MST tem um olhar light sobre o mundo, não quis dizer que a sua literatura é light. Porque, ainda assim, tenho-o em muito melhor conta do que Paulo Coelho, Maragarida Rebelo Pinto e companhia.
Um abraço.
PS - Neste Natal temos mesmo que tomar um café!
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