Há cerca de um ano discutíamos a legitimidade do estado português (e dos restantes estados europeus) ter uma golden share numa determinada empresa. Discutíamos a transparência e a igualdade de direitos num mercado onde competem empresas públicas e privadas. Discutíamos sobre o reforço da liberdade para o mercado. Uns ultraliberais defendiam um Estado mais magro, menos interventivo, com menor capacidade de influência e mais pobre. "Função apenas reguladora", defendiam. Seria o sector privado que garantiria os direitos sociais, a saúde, a educação, a segurança social e todas as prestações sociais, gritavam.
Um ano depois, vêm os mesmos suplicar pela nacionalização das empresas; defendem a necessidade dos impostos pagarem a avareza dos empresários de um sector comercial, não vêm mal nenhum que empresas estatizadas compitam em pé de igualdade com empresas privadas, defendem um estado musculado na sua intervenção. Em desespero de causa (não de causas, porque o desespero advém apenas das necessidades e agendas pessoais), querem que o(s) estado(s) tome(m) conta do mercado.
Ora, será este o liberalismo que defendem? Será esta a independência que querem do estado?
É por isto que cada vez mais afasto-me da corrente do liberalismo económico (e até político). Com este liberalismo, com estes liberais, não quero ter nada a haver!
E talvez fosse mesmo necessário o mundo financeiro ruir. Por vezes, não há forma de recuperar um edifício: está tudo tão podre, tão mal construído, que a única solução é a demolição. Talvez fosse disso que o mundo precisasse.
3 comentários:
O problema é que o edifício é gigantesco e todos nós vivemos dentro dele. São demasiado grandes para que se os deixe ruir. Entretanto as medidas tomadas são imorais e os referidos edifícios estão a tornar-se ainda maiores através de aquisições dos que ameaçam desmoronar-se. Os políticos estão apenas a ganhar tempo mas que o edifício vai cair não tenho dúvidas. A opinião pública ainda não se apercebeu que não é uma questão de liquidez como afirmam os mais "reputados" fazedores de opinião...Os tais que há poucos meses não viam qualquer problema económico no horizonte agora falam com toda a familiaridade em "subprime", "crédito mal parado" no entanto vão levar mais uns meses a se familiarizarem com os termos "não tomada de dívida", "inflação", etc.
A implosão está a acelerar e não vejo as instâncias internacionais a emitir mandatos de captura para os criminosos económicos! É verdade, num sistema capitalista não é crime ganhar dinheiro nem que seja à custa de milhões de seres humanos!
Criminosos de guerra da Jugoslávia apareçam pois estão, comparativamente, "perdoados"!
Parece que a Al-Qaida está a ganhar, não o fez no terreno militar mas no económico. Parece que as "guerras ao terrorismo" criaram um défice tal que não será fácil os EUA injectarem no "sistema" mais meia dúzia de "Planos Paulson". Curiosamente o dólar está a valorizar-se bastante contra o euro. Políticamente será díficl explicar à opinião pública como é que é possível o crude descer e os preços dos combustíveis aumentarem. É uma tarefa ingrata para qualquer governo. Como previ vêem ai tempos de sofrimento e de populismo...
Só há uma solução: a TRANSPARÊNCIA!
Enviar um comentário