11.11.09

Casamento entre pessoas do mesmo sexo

Obviamente que não faz sentido fazer um referendo ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Obviamente que PS tem legitimidade para apresentar uma proposta legislativa, pois fazia parte do seu programa eleitoral.
Obviamente que é legítimo trazer esta questão ao debate político agora. Há problemas mais graves? Claro que há. Contudo, a política não é feita apenas de economia, justiça e educação. Tem espaço de debate para questões de costumes.
Posto isto, declaro que me oponho cabal e frontalmente a qualquer alteração jurídica que permita o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por várias razões, mas a começar pelo próprio conceito. O casamento é a união entre duas pessoas de sexo diferente, motivada por diversas razões e com várias finalidades, com características que lhe são intrínsecas. O amor entre as duas pessoas é uma delas; a reprodução é outra.
Não é por não gostarmos do nome "tangerina", que vamos passar a designá-la por "laranja": uma laranja é uma laranja; uma tangerina é uma tangerina. Gosto das duas, mas são diferentes. Faço esta (reles) analogia apenas para deixar claro que não me oponho à equiparação de direitos (alguns, pelo menos). O que não me parece rigoroso é alterarmos conceitos, que têm características muito próprias e definidas, apenas porque nos dá na gana.
Por outro lado, apesar de reconhecer que o Estado deve garantir os direitos das minorias, não me parece justo que a maioria seja completamente esquecida. Estou em crer, até pelas conversas que tenho mantido com pessoas de diferentes horizontes políticos e ideológicos, que a maioria da população portuguesa não concorda com o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E, goste-se, ou não, a democracia é a ditadura da maioria.
Para além de que não me parece que seja esta alteração à lei que vai acabar com o preconceito que ainda possa haver, a despeito do que acreditam alguns.
E sobre o preconceito, quer me parecer que está a ser empolado com o objectivo claro que pressionar o poder político. Há energúmenos que continuam a descriminar (e ofender) os homossexuais e a não entender que é possível o amor erótico entre pessoas do mesmo sexo? Claro que sim. Mas não creio que essa seja a posição da maioria, mesmo nos meios mais pequenos. Considero, portanto, idiota que acusem os que se opoêm à alteração da lei de preconceituosos. Porque, tal como do "outro lado", também "deste" existem razões racionais (passe a tautologia).

4 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

A mudança dá muito trabalho, deixar tudo como está é fácil.
Não aceitar o casamento homossexual é, a meu ver, uma forma de discriminação.
O amor por si só reproduz, cria, nem que sejam apenas sentimentos como a tolerância e o respeito.
E quanto às palavras... até podemos acrescentar um prefixo do género: Homo-casamento. Só se acrescenta e não se tira, vê só!
Lembrei-me tb de um exemplo (reles): guarda-sol ou guarda-chuva. Gosto dos dois, são muito úteis, a "base/função" é a mesma (guardam), no entanto, eu só uso o último.

Anónimo disse...

digo guarda-sol e guarda-chuva.

Woman Once a Bird disse...

Eu também acho plausível que se considere o facto da "maioria" se opor a uma questão que em nada lhe diz respeito. Acho assaz pertinente o facto da maioria querer decidir se é legítimo dois homens ou duas mulheres contraírem casamento sob pena de tal contrato em nada influenciar (a tal maioria). Desde que se possa meter na legitimação da vida dos outros, a "maioria" ficará "legitimamente" satisfeitinha. E dormirá mais descansadinha.