No cinema, Avatar provoca furor. Toda a gente fala do filme e Cameron, um cineasta menor, é elevado aos píncaros ao inaugurar, ao que dizem, uma nova era cinematográfica.
Lamento discordar da maioria que ama e idolatra Cameron.
Se por um lado, o filme conta com um efeito tridimensional interessante, por um outro, o filme é um argumento muito pobrezinho e moralmente deprimente, sem qualquer meada por onde se pegue e que convém, desde logo, não ser levado a sério.
No fundo, a historiazinha de Cameron não é mais que uma tentativa fútil de apontar o dedo à civilização ocidental e ao seu estilo de vida aparentemente predador que ele, Cameron, condena e abomina, mas onde, curiosamente, muito bem sobrevive.
A qualidade argumentativa, inexistente, em Cameron fica assim, e uma vez mais, bem patente. Entre o amor da burguesa e o rústico (ao som da Céline Dion, a rebentar com os meus tímpanos) ou um qualquer regresso à época das cavernas (onde ele acha que seríamos todos mais felizes), o Sr. Cameron só prova que pode ser muito bom nos efeitos especiais e nas megas produções, mas que não percebe patavina da vida e do mundo em que vive. Daí o delírio permanente. Contagiante, por sinal.