6.10.10

Sobre as virtudes (ou a falta delas) da 1ª República

Tudo isso foi assim. Mas nunca a monarquia constitucional em seis décadas cometeu crimes comparáveis aos que a República praticou em meia dúzia de anos.
As comemorações do centenário da República têm de falar desses crimes. Eles foram cometidos sob a batuta de uma das figuras mais sinistras da nossa história. Graças a Afonso Costa e aos seus apaniguados organizados em milícias de malfeitores, a Primeira República, activamente respaldada pela Carbonária (e, mais tarde, por uma confraria de assassinos chamada Formiga Branca), nunca recuou ante a violência, a tortura, o derramamento de sangue e o homicídio puro e simples. Instaurou friamente entre nós o pragmatismo do crime. Institucionalizou a fraude, a manipulação e a batota generalizadas em todos os planos da vida portuguesa. Manipulou e restringiu o sufrágio, excluindo dele os analfabetos, as mulheres e os padres. Perpetrou fraudes eleitorais sempre que pôde. Perseguiu da maneira mais radical e intolerante o clero católico, por vezes até ao espancamento e à morte. Levantou toda a espécie de obstáculos ao culto religioso e à liberdade de consciência. Cometeu as mais incríveis violências contra as pessoas. Apropriou-se do Estado, transformando-o em coutada pessoal do Partido Republicano Português…
Em 1915, Portugal deve ter sido um dos pioneiros na defesa do genocídio moderno. Na campanha militar que se desenrolava no Sul de Angola, as atrocidades são de pôr os cabelos em pé.


Vasco Graça Moura, in DN.

9 comentários:

Anónimo disse...

Olha-me estes dois contra o genocídio em Angola, em 1915, quando em pleno século XXI apoiaram outros "genocídios" mais descarados (Iraque, Afeganistão, Somália, etc.).

amsf

Sancho Gomes disse...

amsf,

de que genocídios fala? e de que apoio? e porque é que usa aspas?

Woman Once a Bird disse...

É preciso voltar a Kant (remember? Revolução Francesa, Iluminismo e tal?). Estas comparações feitas pelo Vasco Graça Moura são, no mínimo, desonestas.

Sancho Gomes disse...

woab,

não houve crimes hediondos perpretados na 1º República? Não houve um jacobinismo primário e sanguinário? Não foi Afonso Costa um bárbaro? Não, não me parece que ele (VGM) não tenha razão.
Até porque VGM não questiona os valores republicanos pela experiência medonha da 1º República. Não são os valores que a República (não a primeira e não a portuguesa) trouxe que questão em causa. é a experiência. Até porque esses mesmos valores questionam a própria 1º República (tal como não é eleição da besta do Sócrates que me faz questionar a democracia),
beijo

Alexandre Fernandes disse...

Qualquer dia, e a moda pega, vão começar a fazer como um LOUCO gerado na III República, e que se mantém no poder como "senhor feudal", que dá pelo nome de Alberto João Jardim... Assim ele disse anteontem "...e viva a IV República!..."

Woman Once a Bird disse...

Então elucida-me quanto ao propósito da crónica do VGM, com a comparação da Monarquia constitucional e a I República.

Sancho Gomes disse...

a mim não me parece que ele faça qualquer comparação, a não ser por afirmar que a Monarquia, enquanto sistema, nunca cometeu tantos crimes. e depois destaca factos.
queres contestá-los? à vontade. fico a aguardar.

alexandre: há muito que vários loucos reclamam por uma nova República. apenas os situacionistas é que insistem nos benefícios desta República decadente em que vivemos. por mim, pode cair à bomba!

Woman Once a Bird disse...

Não pretendo contestá-los. Apenas pretendo que sejam contextualizados e que não se façam análises destas com mel nos beiços. Aliás, não será por acaso que evoca apenas a Monarquia Constitucional para ressalvar essa brandura de costumes. Ou que reduza a I República a meia dúzia de anos, já agora.

Sancho Gomes disse...

porquê? a 1ª República chegou a ser melhor do que a descreve VGM?
não sei a que te referes quanto ao mel. a verdade é esta: a primeira república está para a democracia como o nazismo está para os direitos humanos.