NÃO

Na Alemanha, três irmãos turcos assasinaram uma irmã. Em nome da honra. A comunidade à qual pertencem está maioritariamente ao lado deles.

Actos semelhantes são absurdamente comuns na Turquia, tal como em muitos países muçulmanos. A maioria não chega a ser punida. Faz parte das regras de conduta ditadas por uma práxis cultural que condena a mulher a uma posição de absoluta submissão.

Partindo de um caso aparentemente isolado para temas mais vastos (e correndo o risco de ser acusado de extrapolação abusiva), deixo algumas perguntas que me ocorreram enquanto ouvia a notícia do assasinato. Dou também as respostas, modesto contributo para o debate.

- Terá a Turquia condições para integrar, esta década, a UE?

- Uma eventual adesão contribuirá para uma efectiva integração da Turquia na Europa?

- Estarão os europeus preparados para receber a Turquia?

A todas estas questões eu respondo com um claro não.

Não, a Turquia não tem condições para integrar a Europa nas próximas décadas. Separam-nos séculos de antagonismos ferozes. Separa-nos uma religião e conceitos civilizacionais que, em última instância, geram prácticas sociais e culturais perfeitamente díspares.

Não, uma eventual adesão não contribuiria para a integração da Turquia na Europa. Pelo contrário. Contribuiria para a divisão da sociedade turca, abrindo campos de conflito entre conservadores e europeístas. Entre pobres e ricos. Entre a Turquia asiática e a Turquia europeia.

Não basta que o Governo turco demonstre boa vontade, criando e fazendo aprovar leis que tentem garantir o respeito pelos direitos humanos, o respeito pela diferença, a tolerância religiosa. Não basta prometer que o Estado turco será laico. São necessárias profundas mudanças sociais. Que não se fazem numa década.

Assumo que a UE deve tratar a Turquia como um parceiro especial. Mas não a deve integrar na família.

GNS