22.3.05

No canil

Um belga, trabalhador de um canil, pode ser condenado a seis meses de cadeia por um motivo insólito: mantinha relações sexuais assíduas com cães. Exactamente: com cães. Até aqui nada de novo e nada de original. Aliás, nada que a eterna Ilona Staller, aliás Cicciolina, e a sua trupe nunca tenham tentado e efectivamente realizado.
Mas não fosse a coisa algo nojenta, excepcional e anómala, e o tipo ligeiramente pateta, eis que a aventura, porventura, se manteria incógnita, por tempo indeterminado, e sem nunca chegar a este blogue. Só que este belga, à procura da fama muito provavelmente, decidiu ir mais longe e vangloriar-se dos seus extraordinários actos. Daí, nada como publicar a coisa na Internet, que é o mesmo que dizer nada como publicar umas fotografias verdadeiramente animalescas e cheias de amor e carinho para com os animais. Só que mesmo apanhado pela polícia com a mão na massa, ou neste caso com o coiso no coiso dos cães, o belga de 36 anos não se intimidou nem afrouxou. E agora, preparando a sua defesa, e com distinta e sábia lata, alega que as suas acções se justificam pela compaixão que tem para com os animais. Exacto: pela compaixão. Surpreendido com o argumento? Não esteja. A coisa seria delirante, não fosse doentia e profundamente patética. Na cabeça louca deste iluminado violador de cães, a sua compaixão tem fundamento porque pretende resolver uma questão de abstinência sexual a que os animais estão sujeitos, nomeadamente os que se encontram presos nos canis. O bom samaritano satisfazia, assim, e de acordo com as suas explicações, uma necessidade básica evidente dos ditos caninos. Não sei se algum juiz engole a treta e desconheço qual vai ser o destino do belga. Mas ainda bem que o tipo não trabalhava num jardim zoológico.