A dinâmica negacionista cresce a cada dia que passa. Chovem os opositores, acotovelam-se os argumentos anti, brotam os gritinhos entusiasmados pelos resultados da França e da Holanda.
Toda a gente tem direito à sua opinião, qualquer tomada de posição terá o seu valor intrínseco mas, convenhamos, o valor de uma opção cresce exponencialmente se soubermos quais os factores que a suportaram. É nesta perspectiva que me encontro num estado de alguma perplexidade uma vez que 90% daqueles que apoiam o não à Constituição Europeia, fazem-no sem saber porquê e, consequentemente, sem avançar com as alterações, adendas e/ou supressões que quereriam ver consideradas.
A horda move-se sem destino e sem controlo.
Porventura, existirão aspectos que devam ser melhorados mas não consigo compreender a posição de certos portugueses que, desconhecendo ou, mais grave, conhecendo "ao de leve" o texto da Constituição, afirmam ruidosamente que são contra. Estarão esquecidos das vantagens do projecto europeu, estarão olvidados do Portugal pré-1985, julgar-se-ão capazes de prosseguir "orgulhosamente sós", serão as disposições em causa tão diversas das actuais, estaremos perante uma refundação absoluta da Europa ?
Urge, com efeito, um profundo debate. Só assim poderemos combater tanta "santa" ignorância, que por aí, teima em aparecer.
2 comentários:
Estou certo que uma larga maioria já decidiu votar "Não" sem saber ainda ao certo o que estão a votar.
Pelo que li até agora, quem já votou nos referendos não sabe exactamente em que é que está a votar. Um análise que ouvi do Nuno Rogeiro (aquele que sabe de tudo) haverão muitas interpretações das diferentes questões colocadas a referendo, e cada um vota no seu "Não" que poderá ser diferente do "Não" do vizinho (poderá ser a não inclusão da Turquia, o não alargamento a Leste, poderá ser o não a uma perda de identidade de cada país, entre outras). Eu confesso que também ainda não tenho opinião formada porque ainda não li o tratado constitucional, nem sei em que moldes exactos está elaborado. Aí poderei ter uma opinião definitiva, mas é importante que se debatam e exponham ideias sob pena de se matar o projecto europeu. O que é certo é que estes resultados não têm sido nada abonatórios para a moeda única. E a procissão ainda vai no adro.
Eu também não tenho uma opinião formada sobre o Tratado, porque ainda não o li (nem tenho esse objectivo). Todavia, parece-me que o blogger esqueceu um facto importante: é que não há construção europeia sem os europeus e o que os Holandeses e Franceses fizeram foi mostrar às elites políticas que o povinho, aquele que os elege, não está minimamente de acordo com o rumo que a construção europeia segue.
Não se iluda: grande parte dos defensores do Não querem um aprofundamento europeu. O que não querem é este modelo de Europa, assente numa economia ultra-liberal. Poderá me dizer que o Tratado viria recolocar algumas preocupações sociais nos seus devidos lugares. Concordo! Só que já é demasiado tarde... E esta é a prova que cada vez mais os políticos europeus esqueceram que a construção europeia não deve ser feita para meia dúzia de empresas, mas para toda a população.
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