19.8.05

Máscaras

A sabedoria popular tem destas coisas: acerta, quase sempre, os seus julgamentos. Um dos seus adágios que mais me ocorre nestes tempos é "quem vem do calhau de lá nunca sai". A cada dia que passa é ver a ineficácia dos fatos listados, da brilhantina no cabelo, das pomposas entradas curriculares e do apoio mediático. Assistimos compungidos ao desfilar de eventos pseudo-elevados cujos resultados se esfumam quais dentes-de-leão.
Nada disto consegue impedir que o verdadeiro carácter das pessoas se revele. O hábito não faz o monge, a menos que este cumpra o voto de silêncio.
De facto a política poderá ter muitos aspectos negativos mas, a exposição a que conduz os seus intervenientes dá-nos a conhecer a sua essência. Para o bem e para o mal, sendo certo que ao menor deslize tudo se desmorona e qualquer máscara que esteja a uso perde a sua utilidade.
Cada vez mais, sinto que vale a pena ser genuíno. No fim, paga sempre mais e melhor. Porventura, esta ideia contrariará os cânones da política nacional. Mas quando vemos o "azeite vir à superfície", torna-se confrangedor o espectáculo. Sente-se uma indisposição generalizada e um formigueiro incapacitante.
O que mais impressiona é a faculdade que muitos têm em conviver com esta realidade, de saltar de incómodo em incómodo como se nada fosse. Dir-se-ia que não lhes afecta, que não lhes suscita a vontade de corrigir. Tristes figuras, miseráveis pessoas.

Sem comentários: