A lista de convocados portugueses não passa de uma lamentável sucessão de equívocos. Obviamente que o Sr. Scolari, um treinador pouco mais do que mediano, está no seu direito de convocar quem muito bem entender, incluindo fauna diversa como médios que não jogam, conhecidos caceteiros, laterais medíocres e avançados que não marcam golos. Até aqui tudo muito certo, porque na verdade a decisão do seleccionador deve ser soberana e ele é pago, regiamente pago convém não esquecer, para escolher e treinar supostamente os melhores do país e dos países nossos vizinhos e irmãos desde que eles não os queiram.
Mas confesso que ando um pouco farto que andem a brincar com o meu dinheiro e que depois, quando as coisas correm mal, ninguém me justifique absolutamente nada e se limite a assobiar confortavelmente para o lado.
A maior crítica que faço a Scolari nem é a não convocação de Quaresma ou mesmo a de Baía. O problema é outro e tem a ver com a falta de visão estratégica do actual seleccionador e dos dirigentes da federação portuguesa, um bando de parasitas do Estado cujos ordenados é melhor não revelar. Esta falta de visão está subjacente numa premissa muito clara: entendo que o mais correcto seria ter levado nesta selecção o João Moutinho, o Nani, o Manuel Fernandes, o Custódio, o Raul Meireles e, claro, o Quaresma, jogadores que brilharam a grande altura no nosso campeonato, com o intuito claro de ganharem experiência importante para outros mundiais.
Claro que o Sr. Scolari, cujas escolhas estão feitas desde há um ano, não foi na conversa e preferiu chamar jogadores que mal jogaram (Maniche, Costinha, Hugo Viana), jogadores sem classe para representar selecção alguma (Nuno Gomes, Petit, Paulo Ferreira), avançados medíocres (Postiga), jogadores que vivem do teatro e que nunca fizeram nada na selecção (Simão) e outros pouco mais do que esforçados (Meira, Nuno Valente, Boa Morte).
Sei que sou polémico nestas minhas afirmações mas é bom que lentamente despertemos deste colete que nos amarra num sonho que não irá muito longe. A selecção não é apenas pouco mais do que mediana (acho que nem no primeiro lugar do grupo ficará): é também mal orientada e pessimamente mal gerida, apesar de andarmos muito bem classificados nos rankings futebolísticos. Talvez seja isto que justifique que toda a gente ande demasiado eufórica com o pretenso novo empreendimento da selecção como se a Alemanha fosse um novo Descobrimento.
Não é que não tenhamos bons jogadores, jogadores de craveira mundial como Deco, Figo, Ronaldo, Ricardo Carvalho. Temos alguns bons executantes. Mas não chega. Não é suficiente. Como rapidamente se constatará. Olhem para as outras selecções e sejam realistas. Para nós andarmos nos 32 melhores do mundo já devia ser uma vitória, mesmo que sem muito alarido e publicidade. O resto vale o que vale. Ou seja, não vale um esforçodesnecessário.