Claro que nestes dias o mundo exterior ao futebol não existe. Também gosto de futebol e tento viver a “festa” com a maior dedicação, ainda que sem bandeiras e outros penduricalhos patrióticos. Mas dizer que o acontecimento é bom para Portugal é algo que, tendo juízo, não posso levar a sério.
Mesmo que Portugal ganhe o “torneio” (que é como se deveria chamar), no dia seguinte nada se irá alterar. Não haverá nenhum surto de criatividade ou de produtividade que nos faça passar de medíocres a bons. O Brasil e a Argentina, escusado seria referir, confirmam esta regra à muitas décadas.
O que haverá, feitas as contas aos meses de Junho e Julho, é mais baldas ao trabalho, menos eficiência e mais bebedeiras e, como agora se sabe, mais dívidas, porque, mesmo tesos, os portugueses em massa compraram a tv plasma para ver o Mundial.
Depois da anestesia do Mundial vem o país real. Com reformas miseráveis, com uma educação deplorável, com uma saúde autofágica, com uma justiça para os ricos e com políticos de segunda linha.
Em suma, as vitórias da selecção, e a sua suposta indução de auto-estima, não irão acrescentar valorativamente um só átomo à nossa vidinha. Disto podemos estar certos.
1 comentário:
O Velosa (não sei se com z) do Porto Santo - o das bandeiras azuis e amarelas com a seta para o céu - está intrigado com o bem estar que os tugas estão a sentir pelo facto de, numa competição que envolve as 32 melhores equipas nacionais do planeta, Portugal estar entre as 4 melhores. Claro está que tudo isto comporta algo de irracional, não é explicável, mas que faz bem à auto-estima e a combater à autofagia nacional, julgo que ninguém tem dúvidas. É evidente que os descendentes do jaime sanitas não acham graça ver a praça do municipio cheia de bandeiras nacionais. Pelo contrário adorariam ver aquelas belíssimas bandeiras azuis e amarelas pagas com o dinheiro do povo penduradas em cada casa junto da setinha para o céu. Como não é possível armam-se em ideólogos da política - neste caso profeta - e, tal como pacheco pereira, verberam contra tamanha façanha da nossa gente.
É a vida.
Cherba
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