2.8.06

Quando o crime compensa

Um bando de criminosos agride até à morte um transexual no Porto. O juiz absolve praticamente os meninos porque eles não podem ser os únicos culpados, porque são produto das instituições que os acolhem e porque provêm de famílias desestruturadas. Claro que o Sr. Dr. Juiz, que deve gostar muito de Rousseau e de Confúncio, não parou para se perguntar três coisas muito simples: se isso só por si pode justificar o desporto que os meninos praticavam e que consistia, basicamente, em agredir repetidamente o transexual; se os meninos tinham, ou não, a noção plena de que aquilo que faziam não era correcto nem humanamente aceitável; e, por último, se esta sua decisão não acabou por legitimar toda e qualquer agressão oriunda de gente deste calibre (absolvidas à cabeça pela desestruturação familiar e pelo caos institucional).
Eu não digo que a nossa sociedade e as instituições do Estado sejam o melhor deste mundo. E não digo também que estas sejam um poço de virtudes. Mas daí até dizer que elas são tão ou mais responsáveis pelas agressões até à morte vai um passo muito grande. É que sendo assim, mais vale fechar a porta. E entregar a chaves. Na casa do Sr. Dr. Juiz, de preferência.