26.9.06

A chantagem

A Bulgária e a Roménia farão parte da nossa maravilhosa União já a partir de 1 de Janeiro de 2007. Esta notícia foi avançada pelo próprio presidente da comissão que afastou assim a possibilidade de adiamento relativamente a esta questão. De facto, os dois novos países, futuros membros, podem rejubilar com o seu futuro. Mas o mesmo não se sucederá com outros países que pretendam fazer parte desta agremiação. O Dr. Barroso, aproveitando a deixa, veio avisar que é impossível meter mais gente cá dentro enquanto não houver uma reforma (ler um novo tratado) das instituições que garanta a governabilidade deste monstro burocrático. A verdade deve andar algures por aqui, se bem que as questões ligadas à distribuição dos dinheiros não devem ser alheias a esta nova estratégia. Neste novo enquadramento, a Croácia, por exemplo, ou mesmo a Turquia, vêem assim goradas as suas expectativas. É um mau sinal porque ambas são vitais para a nossa paz e para a nossa segurança, tudo conceitos que na Europa passam muito ao de leve pelas cabeças de certos senhores. Não ver isto é perceber muito pouco de história e de geoestratégia. Entretanto, o Dr. Barroso, subtilmente como só ele sabe, ao mesmo tempo que colocava o dedo na ferida dava a receita da milagrosa poção para o seu curativo: ou toda a gente faz como nós queremos, ou nós levamos a chave do campo e a bola para casa. Não exactamente com estas palavras, mas exactamente com este sentido. Esta espécie de chantagem pretende comover os europeus e sensibilizá-los para as dificuldades que os eurocratas enfrentam no seu dia-a-dia e dar início, quem sabe, a um novo processo de ratificação de um tratado de constituição idiota, imaculado e sem contestação. Já pouco espanta nestes senhores, ainda pouco avisados. Em Bruxelas continua a viver-se num mundo paralelo sem qualquer correspondência com a realidade. E isto sim, é realmente comovente.