Já sabíamos que o fascismo higiénico e alimentar havia tomado conta da União Europeia. Depois de regulamentar sobre embalagens, amendoins, azeite e palitos, por exemplo, e depois da fundamentalista cruzada contra o tabaco, as baterias e os recursos desta união viram-se agora para o álcool e os seus malefícios. Como sempre, as coisas começam devagarinho, como convém para não dar muito nas vistas: primeiro, controla-se a publicidade – uma forma recorrente de tratar toda a gente como atrasada mental –; depois, proibi-se essa mesma publicidade – outra forma subtil de tratar toda a gente como deficiente profundo –; em seguida, aumentam-se os impostos sobre o produto em questão para torná-lo acessível apenas aos ricos (que assim se podem rir dos pobres); e, finalmente, e como último passo, torna-se o seu consumo socialmente insuportável e inaceitável, através de legislação absurda.
Escusado será dizer que esta gente começa a abusar: a abusar da nossa liberdade, a abusar do seu poder e, acima de tudo, a abusar da nossa paciência. Aos poucos, esta manta de retalhos substitui-se aos estados que, petrificados pelo politicamente correcto, rapidamente interiorizam estas práticas fascistas que têm origem nos radicais que querem viver duzentos anos e que fazem disso uma obsessão: sua e para os outros. Num mundo cada vez mais delicado e difícil é bom andar atento. E já agora de garrafa na mão. Só para a eventualidade de algum chatear mais do que o costume.