11.5.07

Despertar do coma

O Dr. Serrão andou de Mercedes com motorista, contratou especialistas em marketing, encheu o peito e gritou aos quatros ventos que era uma alternativa política aos madeirenses. Pelo meio, fez meia dúzia de propostas irrealistas, onde se destacava a criação de 8000 novos postos de trabalho, utilizou um discurso indecifrável que jamais penetrou no eleitorado e fez-se esquecido das patifarias que o governo da república fez à Madeira tentando desviar as atenções para a cor dos balões. Não convencido da sua má estratégia, no domingo passado, o Dr. Serrão apressou-se em encontrar desculpas de mau perdedor inventando mil e um subterfúgios para a derrocada em que mergulhou o PS. Nesse mesmo dia, o Dr. Serrão não se demitiu certamente à espera que uma vaga de fundo lhe suplicasse que não fosse embora garantindo-lhe que o barco ainda podia ser salvo. Como a vaga de fundo não apareceu, e muita gente já tinha saltado noutro porto, o Dr. Serrão veio ontem palidamente admitir que não se vai recandidatar ao cargo onde ninguém o quer. Durante uns tempos, o Dr. Serrão viveu inebriado e convencido que o céu e a terra eram um único e um mesmo lugar. Foram tempos de enorme bazófia, alimentados por dois ou três resultados medianos obtidos na região, que lhe legaram uma esperança à qual despropositadamente se agarrou não percebendo o contexto político dos mesmos. O Dr. Serrão andava por isso convencido que o seu charme seria suficiente para virar a contenda a seu favor. No domingo, finalmente, o Dr. Serrão despertou do coma em que andava metido e da maneira mais violenta possível: chocando de frente com o camião da realidade dos factos. Que é o mesmo que dizer, neste argumento, com a vontade soberana do povo madeirense.