2.5.07

Um exército

O governo continua a sua saga em prol da transparência da sua administração. Mesmo que o Eng. (?) Sócrates não seja lá grande exemplo dessa mesma transparência, os episódios que por aí pululam são abundantes e adornam um quadro digno de exposição. A última do governo passa por constituir um verdadeiro exército de chibos contra a suposta corrupção na Administração Pública. A intenção vale o que vale, o que neste caso diz muito sobre as prioridades governativas do elenco socialista: se há corrupção e se há gente que sabe que ela existe porque não a denuncia deixando assim de ser cúmplice? E, já agora, por onde anda a responsabilização dos dirigentes dos serviços? Toda a gente sabe que o português médio gosta muito do respeitinho e da autoridade que tudo controla e prevê. O paraíso dos portugueses é um sítio onde os políticos decidem tudo por eles para que não se gaste a cachimónia com trivialidades bacocas que nos façam perder tempo e disponibilidade para a novela, o futebol e concursos de variedades com o Malato. Na verdade, e sociologicamente, a maioria dos povos ignorantes e atrasados dá-se muito bem neste ambiente claustrofóbico onde o poder de delatar e de denunciar alguém traz um suplemento acrescido de moralidade e a talentosa sensação de dever cumprido. De alguma maneira, conseguimos sempre lavar as mãos das nossas responsabilidades porque é sempre mais fácil acusar os outros dos nossos males do que reconhecer as nossos erros e incapacidades. E este apelo irresistível denota bem como o Eng. (?) Sócrates conhece bem as linhas com que se cose e o povo ignorante que lidera.