22.8.07

Sossegar a consciência

No Zimbabwe a situação é dramática. A fome alastra, a inflação dispara, o desemprego explode, mas o sr. Mugabe é aplaudido de pé na Zâmbia, no encontro das Nações Africanas. A fome no país é, aliás, uma realidade tão grave que até se fala num genocídio silencioso que não tem escapado a algumas organizações internacionais. Entretanto, o mesmo Sr. Mugabe que expulsou os brancos e arruinou num piscar de olhos a economia de um dos países mais prósperos de África, continua na sua vidinha como se nada fosse com ele, passeando-se e vivendo como a boa saúde recomenda.
Como é óbvio, o maldito sentimento de culpa dos europeus, fruto de uma colonização que serve de justificação idiota para tudo, tem muita a coisa a dizer sobre o assunto. A pouca-vergonha africana é, infelizmente, legitimada por este permanente fechar de olhos e com a injecção de milhões em subsídios e ajudas que vão directamente para as contas de dirigentes corruptos e criminosos. No fundo, dá-se dinheiro para acalmar a alma e sossegar a consciência. O resultado é o que se conhece.
Como é natural, o imbróglio só poderá ter um de dois fins. Ou se acaba de vez com esta teimosia e alarvidade, responsabilizando as classes dirigentes africanas pelo caos e salvando as pessoas desta arbitrariedade. Ou se espera que a fome silencie de vez o problema. Afinal, onde não há pessoas, não há crises. E muito menos ditadores para aturar. É uma outra forma de ver as coisas.