5.1.08

Equívoco

Tenho assistido à pseudo-polémica na blogosfera sobre a afirmação de D. José Policarpo de que "todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade". Ora, antes de mais, esta afirmação está retirada do seu contexto: uma missa de Natal, onde o Cardeal Patriarca pretendia exaltar o Amor de Cristo. D. José falava para os Católicos. Neste sentido, as palavras do cardeal são de esperança.
Para além disso, continuo a insistir que o ser humano tem uma forte dimensão religiosa (não apenas espiritual). A manifestação desta religiosidade nada tem a ver com a Ética: é, na minha opinião, de foro ontológico. É uma característica do Homem e faz parte da sua razão de ser. Neste sentido, a perda desta religiosidade - e na minha opinião, o ateísmo é uma forma de anular esta dimensão - amputa o ser humano. Torna-o menor. E por isso, é um dos maiores dramas da humanidade.
Não nos esqueçamos, ainda, que D. José Policarpo é o "líder" da Igreja Católica portuguesa. Não é líder de uma associação de cariz social, não é um político, não é elemento de um conselho deontológico. É um Homem de Fé, que numa homilia fala para a sua comunidade. Assim sendo, parece-me que toda esta pseudo-polémica nasceu de um equívoco, não restando muito mais a acrescentar!

7 comentários:

Woman Once a Bird disse...

Reafirmo que para não haver equívocos, "todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da" - nossa comunidade.
Lá está, o tique da generalização...

Su disse...

mais que isso.....o referendissimo bispo...neste pouco tempo q cá está já fez coisas que tinham sido esquecidas no tempo............
e mais dogmas são dogmas...aceitamos ou não............
ok eu não aceito...but......sou mto democrata:)))))))))))))))

Sancho Gomes disse...

WOAB,
foste subtil, mas não argumentas!
Bjs
PS - O tal outro café ficará para uma próxima oportunidade;).

Su:
democratas é o que gostamos de ver por cá. Por isso, é sempre muito bem-vinda. E discorde à vontade, se necessário for. Cumprimentos,

amsf disse...

Portanto, quando D. José Policarpo, com o seu cigarro na boca, está presente num evento político/institucional fá-lo como homem de fé?!
Os outros homens de fé que apesar de representarem um rebanho (de carneiros) menos numeroso não terão também o direito de subverter este "regime" supostamente laico com a sua presença?
Ao contrário de sí penso que os ateus intelectualmente fundamentados não serãos homens/mulheres menores, bem pelo contrário. São pessoas que ultrapassaram um estádio que é comum a qualquer ser humano...que é institivo. Existiram biliões de seres humanos ao longo da história e o que é que tinham de comum? Acreditarem num deus ou mais deuses submetidos a milhares de religiões ou crendices! Essa unanimidade torna-os superiores? Não. Tal como não são superiores fisicamente falando os biliões de seres humanos que nunca conseguiram fazer os 100 m em menos de 10 segundos. A maioria e a unânimidade remete-os para a mediocredidade e não para a "superioridade".

Assumo-me ateu e não hipocritamente agnósticamente!

Habilitações religiosas: 2º ano de Teologia incompleto por razões evidentes...

Woman Once a Bird disse...

Sancho, os argumentos apresentei-os; que não os consideres é outra história. Mais uma vez repito: o drama é da Igreja, não da Humanidade. Não temos menos valores, por sermos ateus ou agnósticos. Nem tão pouco temos valores mais válidos quando nos assumimos religiosos. Aliás, sobre esta questão, quem nunca cometeu excessos que atire a primeira pedra (parafraseando uma célebre passagem).

Sancho Gomes disse...

woab,

como disse e como sabes, a questão dos valores está num plano ético e não ontológico. Por isso os valores divergem. Assim sendo, não está em causa o conjunto de valores dos ateus e dos agnósticos ou a eventual superioridade moral dos crentes (sejam católicos ou não). O que eu digo e parece-me que terá sido isso que D. José quis fazer notar, é que o Homem tem uma dimensão religiosa que tem vindo a ser menorizada na sociedade contemporânea. E que essa dimensão é fundamental.
Para além disso, insisto que a afirmação foi proferida numa missa, logo num contexto muito específico.


amsf;
dado o seu historial clerical, corrija-me se estou enganado: uma missa de Natal não é um evento político, pois não?
E não vejo a necessidade de adjectivar os crentes de carneiros. É ofensivo e não demonstra coisíssima nenhuma, a não ser algum trauma por curar. Por outro lado, também não estava em questão a laicidade do Estado. Essa seria outra discussão.
Quanto à questão da menoridade, leia o que escrevi à WOAB. Parece-me esclarecedor.

Woman Once a Bird disse...

O contexto da afirmação não a isenta de pecar (que paradoxo) por excesso. Megalomanias.