26.3.08

A nossa cidade... Mas só se pagares!

Ao que parece, o Teatro Experimental do Funchal (TEF) tem em cena a peça A nossa cidade, a sua contribuição para as comemorações dos 500 anos do Funchal.
É louvável e vem ao encontro do importante trabalho que esta associação tem desenvolvido na promoção do teatro na Região.
O que a me transtorna profundamente, é que o TEF cobre 7,50€ a cada espectador. Primeiro porque não apresenta espectáculos com qualidade suficiente para cobrar este valor. Depois, porque tem financiamentos milionários do Governo Regional e da Câmara Municipal de Funchal. Com o cúmulo de ter cedida uma sala de espectáculos a título gratuito e ainda poder usufruir (eu diria usurpar) o Teatro Baltazar Dias, esse nobilíssimo espaço da cidade, a seu bel-prazer.
Conhecendo, como conheço, o mundo do teatro de amadores e profissional em Portugal, é com algum asco que vejo a cobrança dos bilhetes naquele valor. Porque atendendo às condições que lhes são proporcionadas pelas autoridades regionais, o mínimo que se podia esperar era que a apresentação pública fosse a título absolutamente gratuito, ou com uma bilheteira simbólica e mais ajustada à qualidade apresentada nos seus espectáculos.

PS - Lembro-me de um fantástico acordo que mantinham com o Teatro Nacional D. Maria, que lhes permitiu, numa atitude de novo-riquismo absolutamente inqualificável, pagar fortunas para a companhia lisboeta vir à Região e, que se saiba, nunca tenham feito qualquer apresentação na capital portuguesa.

6 comentários:

amsf disse...

Parece que vir à terrinha faz maravilhas no espírito crítico de qualquer madeirense...cuidado, porque uma demora tem o efeito inverso...

MMV disse...

Eu paguei unicamente 3,5 €... Eu sou de opinião contrária, porque até gostei e achei que houve qualidade...

Quanto ao dinheiro que recebem do Governo Regional... Enfim... São coisas para outras conversas... Os bilhetes são para pagamento do espaço?!

amsf disse...

baby_boy

Se tivesse lido o post teria percebido que a sala foi cedida gratuitamente pela CMF.

Também eu concordo que os bilhetes sejam pagos...o valor dependerá da pouca ou muita generosidade dos subsídios do governo...

Esta de certos meninos estarem habituados a borlas faz-me lembrar a minha inglória tentativa de assistir a uma peça de teatro na Ponta do Sol pagando. Chego 20 minutos antes para comprar bilhetes e descubro que já estariam esgotados...entretanto descubro que os c/ de 50 funchalenses enfatiados e engravatatos que ali se iam acumulando tinham os lugares reservados e de borla! Espero que o Sancho Gomes não tinha sido um deles! Parasitas de merda...possivelmente já teriam feito o mesmo no Funchal para a mesma peça e estariam ali numa de socialite...

lenca disse...

Caro Sancho,

A mim o que me transtorna profundamente é esta sua opinião. Desculpe a franqueza mas eu paguei os 7,5€ e discordo totalmente do argumento de que o espectáculo não tenha valor suficiente para esses 7,5€, mais 2€ do que paga para ir ao cinema. A diferença ali é que estão mais de 20 pessoas em palco, que de acordo com a sua ideia deveriam talvez trabalhar para aquecer, porque se calhar não têm contas para pagar no fim do mês como o comum dos mortais.
Não o conheço e não sei se costuma ir ao Teatro por exemplo em Lisboa ou no Porto onde raras vezes (nunca tive a sorte) se paga menos de 20€ por um bilhete.

Acho "asco" uma palavra demasiado forte e foi essa palavra que me fez deixar hoje aqui este comentário. Muitas vezes tenho tido vontade de comentar os seus textos por não me lembro de alguma vez ter concordado com algum. É a maravilha da multiplicidade das opiniões. Também expresso as minhas, acho que todos temos o direito, mas nunca o faço com esta atitude de "senhor e dono da razão" que o Sancho costuma ter. Um bocadinho de humildade mesmo nas opiniões, fica sempre bem.

Sancho Gomes disse...

Amsf,

Engana-se. Não estive na Madeira. Estive de férias, sim senhor, mas por terras de Sua Majestade (onde também assisti a um espectáculo de teatro). Mas já lhe disse uma vez a volto a repetir: não tenho qualquer receio em emitir a minha opinião, porque felizmente sou livre e as minhas opiniões são desinteressadas (na medida do possível).
Por outro lado, você anda um pouco mais traumatizado do que é costume, não anda? Nota-se um certo transtorno, por aquilo que escreve.

BBS,
Reconheço que não vi esta peça em concreto. Mas a minha opinião é de fundo. Vi muitos espectáculos do TEF e sinceramente acho que estão ao nível de centenas de companhias e grupos de teatro amador por esse país fora, que não têm tantos apoios como eles e que, mesmo assim, cobram preços simbólicos. Por muito que eu o lamente, o TEF não tem a qualidade d'O Bando, do Teatro Nacional D. Maria, do Teatro Nacional São João, da Barraca, do CENDREV e de outros tantos, que mesmo assim, cobram preços mais baixos (pelo menos, alguns dos que enumerei, e muitos outros.

Lenca,
Reconheço que a palavra "asco" é demasiado forte. Lamento tê-la escrito, até porque não descreve o meu sentimento. Não a retiro, porque não adultero o que escrevo, mesmo que venha a discordar "a posteriori".
Tenho visto teatro por esse país fora: Lisboa, Porto, sim senhora, mas também Coimbra, Évora, Sines, Ovar e muitas outras cidades. Garanto-lhe que, para assistir espectáculos de companhias profissionais, raramente paguei 7,50EUR. Naturalmente, que não me limito a assistir espectáculos megalómanos e pimbas como os do La Féria, ou Conversas da Treta. Esses, com certeza, são muito mais caros. Mas o teatro não é apenas isso...
O meu post pretendia criticar dois aspectos:
1º - exorbitância dos preços cobrados, atendendo à restante realidade nacional para espectáculos de semelhante qualidade (e, garanto-lhe, existem centenas de grupos completamente amadores com qualidade igual ou superior, que sobrevivem com um quinto das condições que são proporcionadas ao TEF);
2º - O facto desta associação cobrar bilheteira com valores demasiado elevados, atendendo aos benefícios enormes que obtém da administração regional.
O 3º aspecto e que decorre dos dois primeiros, é que os valores cobrados, mais os apoios institucionais, indiciam que o TEf vive bem acima do que aquilo que vale.Falei nos recursos físicos. Falo agora nos humanos: a quantidade brutal de pessoas que trabalha para o TEF. Não sei se todas são remuneradas (espero bem que não, uma vez que é uma associação e associativismo não é isto), mas mesmo que seja apenas um terço, são demasiadas pessoas a viver na dependência de uma companhia que não tem qualquer viabilidade financeira.
Legitimidade que eu tenho para fazer esta crítica, não sendo sócio? Os apoios financeiros do erário público. Ou seja, o dinheiro com que eu, a lenca e todos os outros madeirenses, já enviaram para a associação.

Discorde à vontade do que escrevo. Mas não tente avaliar as minhas intenções ("senhor e dono da razão"). Poderá avaliar o meu estilo e gostar ou não dele. Reconheço que sou contundente, por vezes áspero e que não tenho grandes dificuldades em adjectivar negativamente. Isso, contudo, não lhe confere o direito de me imputar intenções. Revela, mesmo, alguma falta de humildade da sua parte...

amsf disse...

"Reconheço que não vi esta peça em concreto. Mas a minha opinião é de fundo."

Uns têm opiniões de fundo - vá-se lá saber o que isso significa - e os outros é que são "malucos"!