- Desculpa o atraso, mor. Como foi o teu dia?
-Maravilhoso e o teu?
- Temos 37 m para fazer mor!
- É + tempo. Eu também tenho que me levantar cedo amanhã.
- Já tens o teu “Orgasmatron”? - espécie de “pacemaker” do prazer. É uma caixa do tamanho de um maço de cigarros que é colocada à cintura e que depois é ligada ao nervo pélvico, que comanda o prazer, via – internet.
- Si e tu?- Estou a acabar de fazer as últimas ligações.
- …………………
- …………………
Depois de uma noite prazer….
Maria estava em casa, o namorado nos EUA. Ele é investigador em “Carnegie Institute of Tecnology” e um crente na nanotecnologia e na corrente transhumanista. (conceito inventado nos anos 80). Devido ao fuso horário -São menos 5 horas nos EUA, o encontro sexual foi agendado via “msn” para a 1 hora da madrugada, Madeira, 21 horas nos EUA.
9- 07-2020
Há uma hora que Maria, presidente executiva da Empresa de Electricidade da Madeira, está presa na via-rápida. Maria saiu de casa cedo. Eram 8 horas quando deixou a residência, de estilo contemporâneo, no Garajau. O objectivo é chegar às 9 horas à sede no Almirante Reis. Já passam 7 minutos das 9 e está entalada à saída do túnel das Neves. O “Hiphone” desanima. Indica que o Funchal está bloqueado. Até a cota 500 tem problemas de trânsito. Só é possível circular, sem problemas, no coração da cidade.
13 % do negócio da eléctrica provém das energias renováveis. A empresa dedica-se actualmente ao comércio e instalação de paneis solares – em hotéis e edifícios de habitação colectiva. Em 2014 o Governo Regional abriu mão do sector da energia na Madeira. Ficou com 49% da empresa. O resto do capital – 51% – está nas mãos de um grupo de empresários. Apenas se sabe que Jaime Filipe Ramos é o sócio que detém a fatia mais gorda do dinheiro disperso em acções.
Enquanto Maria espera, distrai-se a olhar para o porto. É a quarta vez, este ano, que o "Queen Mary II" faz escala no Funchal. O porto é demasiado pequeno para o número de escalas de cruzeiros. Em 2010 foram 300, este ano, prevê-se que feche com 550 atracagens. Quase o dobro de há 10 anos atrás. África está na moda e a ilha da Madeira é um ponto obrigatório de passagem na “descida” e no regresso dos paquetes à Europa.
O Porto do Funchal precisa de novas obras. As últimas, realizadas em 2008, 9 e 10, não resolveram o problema de fundo do Porto. Há 4 anos (2016) que o "Lobo Marinho" sai do Caniçal para a ilha do Porto Santo. As preocupações ambientais e o preço insuportável dos combustíveis, determinaram a nova realidade. Partilha a linha com os espanhóis da "ARAMAS". Depois de uma luta que durou anos, o armador conseguiu entrar na rota. Para já, o barco espanhol só faz o Verão. O resto do ano, não justifica um segundo operador na linha.
A disputa política está ao rubro. Pela primeira vez na história da autonomia, os socialistas têm hipótese de chegar ao poder. Os madeirenses estão divididos. Faltam 4 meses para as eleições (Outubro de 2020) e as sondagens: - a do Diário de Notícias dá a vitória ao candidato Social-Democrata. Um outro estudo de opinião, aponta Bernardo Trindade como o próximo Presidente do Governo. Trindade já tinha sido candidato nas regionais de 2016, mas foi derrotado. O PSD é um partido irreconhecível. Desde que Alberto João Jardim saiu em 2011, as tropas desmobilizaram.
A população da ilha está em queda. As novas vias de comunicação aceleraram a desertificação da Madeira rural. O norte perde todos os anos gente. Até em Câmara de Lobos diminui o número de habitantes. Os concelhos metropolitanos do Funchal, Santa Cruz, Machico e Ribeira Brava, continuam a ser os mais populosos, mas existem agora menos pessoas a viver nestas localidades.
No turismo, o excesso de camas - 38 mil - preocupa os hoteleiros. Nos últimos 7 anos alguns hotéis encerram as portas. Sobretudo os maiores. Ganham fôlego as quintas e o turismo rural. Também encurtou o número de dias de férias. Passou de 5 para 3.
A Madeira é um destino de repouso activo – especialmente passeios pela natureza. Acabaram os turistas que vinham gozar as férias grandes.
Há 12 anos (2008) o governo era e continua a ser o terceiro empregador – na altura dava trabalho a 20 mil funcionários públicos - logo a seguir ao turismo e aos serviços. A construção civil foi o sector que sofreu a maior queda. Representa agora apenas 8 % da população activa. No início do século (2000) trabalhavam 122 mil madeirenses (total Madeira) contra pouco mais de 102 mil agora.
Agravaram-se as desigualdades entre ricos e pobres. Cresceu nos últimos 10 anos o número de famílias que dependem da ajuda das instituições de solidariedade para sobreviver.
A Calheta, sobretudo, a Ponta do Pargo é uma espécie de oásis dos novos ricos. O campo de golfe atraiu investimento. Os magnatas da ilha compraram terreno, outros, vivendas de luxo. Pequenas fortunas. Custam entre 650 mil e um milhão de euros. A maioria dos compradores destas “villas” são estrangeiros. Turistas russos que começaram a chegar à Madeira em 2007 com “dinheiro vivo” – não recorrem à banca – para investir. Especialmente em terrenos e imóveis.
O Porto Santo deixou de ser o destino de férias de Verão dos madeirenses. A classe média-alta e média deixaram perderam poder de comprar para fazer férias na ilha. Os preços dos hotéis são insuportáveis e o turismo paralelo (casas arrendadas) também está caro. As Canárias são a opção mais económica para as famílias que ainda podem fazer férias.
4 comentários:
Perante esse cenário negro díria que os socialistas já governavam pelo menos desde 2016! LOL!
Será que o facto de não mencionar o JM indica que ele tenha sido "fechado"?
E nesse ambiente de crise ainda não foi implementada a política de utilizador pagador para as vias rápidas?!
Uma quinta por 650.000 euro em 2020não é muito tendo em conta a inflação.
Só 3 dias de férias?! O inverso é mais provável por falta de trabalho!
Bom, eu gostei. Deixei-me levar e nem notei nenhum pormenor que não fosse coerente. Talvez hajam, mas como não estou há procura de defeitos, não encontrei. Parabéns pelo conto!
gostei de ler.te
jocas maradas
angel,
teve piada! cinematográfico...
abraço
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