Gostei do veto de Cavaco Silva à lei do divórcio. Porque ao contrário do que afirmou Alberto Martins, para mim o casamento não é apenas uma união de afectos, mas também de deveres:
Dever de Respeito; Dever de Fidelidade; Dever de Cooperação; Dever de Assistência.
Estes são deveres que, parece-me, todos nós concordaremos que devem ser mantidos e defendidos. Assim sendo, o Estado não pode premiar quem não cumpre com estes deveres conjugais e tem a responsabilidade moral de garantir a reflexão dos indivíduos perante tão importante compromisso.
Reconheço que, ideologicamente, poderão contrapor-se aqui razões de ordem individual, como a liberdade. Todavia, o Dever de Assistência à família, numa escala de valores, é para mim mais importante do que a liberdade individual, individualista e individualizante. Há sacrifícios? Claro que o casamento exige sacrifícios. Viver com outro, constituir família, não é fácil. Não deve, contudo - e em minha opinião - o Estado vir afirmar que o casamento não vale os esforços individuais.
E sejamos honestos, em última análise, é bastante fácil obter-se um divórcio em Portugal (parece que apenas 8% dos divórcios são litigiosos).
Por último, não podemos andar todos atrás das pequenas modas efémeras, apenas para nos assumirmos progressistas. Se queremos uma sociedade de valores, temos que a defender e não embandeirar em arco perante pequenos desejos individuais.
5 comentários:
Curiosamente antes de este assunto ser falado estava eu convencido que o divórcio podia ser feito sem a concordância do "outro"! Não percebo o porquê de este assunto necessitar sequer de legislação. Parece-me evidente que qualquer acordo só é válido enquanto não por denunciado por uma das partes! Porque há-de uma das partes ter o poder de manter a outra prisioneira?!
Aliás, não vejo como o Estado possa obrigar alguém coabitar com uma pessoa que já não me interessa. Já agora ponham o Estado a obrigar a parte descontente a cumprir com os seus deveres matrimoniais, nomeadamente sexo!
Para quem afirma que este governo está a criar um Estado policial não se percebe a posição do Sancho!
Isto para se chegar a uma única conclusão: o casamento não compensa.
Julgo que a liberdade individual é também valor. Não é?
A tendência é mesmo viver com o princípio do sacrifício (a todos os níveis) que já é interpretado como sendo um bom valor, o fundamental do Estado Português. O povo já nem nota a diferença, está habituado: "Deus , pátria e família". Está tudo dito.
nefertiti: Não quero viver num estado policial, mas não quero viver num Estado que vai ao sabor de uma moral imediata tipo pronto-a-consumir (sabe bem, mas não tem substância).
AMSS: o problema é esse: pouco Estado onde deve haver mais Estado e demasiado Estado onde não deveria haver nenhum. Não é falta de coerência: é uma defesa de valores.
Para além disso, sejamos realistas: quantos "prisioneiros" do casamento vocês conhecem? E por outro lado, se o problema é o medo, a nova legislação não traz nada de novo. É apenas mais uma cenoura para as narinas sequiosas dos "progressistas".
gostei da cenouras nas narinas....vou tomar nota...
jocas maradas miudo
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