Confesso que nunca fui um adepto das preleções dominicais do Professor Marcelo. Muitas foram as vezes que o ouvi e fiquei com a sensação de que tinha assistido a um debitar quase interminável de lugares-comuns.
No passado fim-de-semana, Marcelo comentou as eleições para o Canal 1. E limitou-se a dizer o óbvio. Que o PS tinha ganho, que o PSD tinha perdido, que a esquerda subira e que a direita descera. E que Sampaio tinha sido legitimado.
Ontem, voltou à RTP para estrear "As Escolhas de Marcelo". Perante uma entrevistadora embevecida, definitivamente conquistada pela sapiência alheia, o Professor voltou a emitir uma torrente de frases feitas, no tom didático que o bom povo português tanto preza.
Disse, entre outras coisas, que no Aeroporto Francisco Sá Carneiro fazia «um frio de rachar» porque sistema de aquecimento estava estragado há uns meses. Que o envelhecimento de Lisboa fica a dever-se ao egoísmo da sociedade (presumo que a especulação imobiliária também tenha alguma coisa a ver com o assunto, mas quem sou eu!). Que o PS vai governar ao centro (quem diria!) porque ganhou as eleições ao centro. E que o melhor candidato presidencial para o PSD é o Professor Cavaco, porque ganha ao centro, esse espaço mítico, essa espécie de limbo que na linguagem política dos nossos dias separa o céu do inferno.
Resumindo, um conjunto de lugares-comuns. Com uma agravante. No que concerne a Cavaco, Marcelo tentou mais uma vez lançar, antes de tempo, o antigo primeiro-ministro. Tentou, como faz habitualmente, pressionar Cavaco para que este fale antes da data que tinha establecido. Ou para que perca a paciência, abrindo-lhe então o caminho.
Definitivamente, o Professor Marcelo parece transformado em El Rei do Lugar-Comum, uma espécie de Rei dos Frangos de fato e gravata, com presença assídua na televisão.
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