Ouvindo a SIC Notícias fico a conhecer as capas dos jornais diários de hoje. A d’”A Bola” é sugestiva: Luisão quer ficar no Benfica. Não sei se isto é interessante ou sequer pertinente, mas desde praticamente o fim da época que Luisão era cobiçado pelos principais (!) clubes europeus. De repente, parece que deixou de ser.
Sejamos sérios: a quem é que interessará (se é que alguma vez interessou) um central de categoria duvidosa, demasiado lento e descoordenado, que se fartou de meter água a época toda? Ao Inter? Ao Real Madrid? Ao Milão? A outros colossos europeus? Os absurdos são tantos que só podem ter mesmo por justificação a venda de jornais e as fábulas e mitos frequentes que diariamente se criam. Esta história do Luisão faz-me lembrar uma outra que saía nos jornais e era garante de manchetes e primeiras páginas (e consequentemente de receitas): a ida de Beto para o Real Madrid. Durante muitos anos, o Beto, outro central de categoria duvidosa, era figura assídua nestas peças de teatro divididas em muitos actos como convém. Mas até hoje, o mais perto que Beto esteve de Madrid foi quando, muito provavelmente, lá foi passear com a esposa.
Muitos outros exemplos irreais podiam ser dados. Arrisco avançar que boa parte das primeiras páginas desportivas portuguesas nunca se concretizam, principalmente quando não há campeonato. Isto é o mesmo que dizer que são falsas, manipuladas ou exageradas.
A quem serve este tipo de jornalismo? Porque será que até no jornalismo o futebol parece viver num regime de excepção? Será que ninguém percebe o ridículo de certas notícias? Será que não há uma alta autoridade que chame a atenção para estas poucas-vergonhas? Não estão os jornais fartos de enganar incautos? De enganar fanáticos? O Luisão no Inter? O Luisão no Real Madrid? Por favor: acabem com o ridículo.