"A Madeira precisa tomar posições de defesa e resistência dentro da vida política portuguesa para manter os seus direitos e atingir aquele grau de civilização e progresso, a que obriga a roda da fortuna. A sus situação geográfica e incremento da sua riqueza, as suas condições de isolamento no Atlântico, a idiossincrasia do seu povo, a confluência de linhas de interesses que centraliza e põe em contacto com o mundo, marcam-lhe uma finalidade própria, diversa da continental, que lhe definem horizontes dentro dos quais cabe uma larga autonomia administrativa. Desviar a Madeira das engrenagens da política portuguesa, é uma obra de salvação." (Manuel Pestana Reis, "Palavras que o vento leva...", Correio da Madeira, 19.08.1922).
"A aspiração máxima regionalista dos que me acompanham e animam nesta campanha, é a conquista do governo completo da nossa casa, das nossas cousas, dos nossos interesses, dos nossos negócios, das nossas riquezas privativas, dentro de um sistema de descentralização administrativa, que nos liberte dos tentáculos absorventes, atrofiadores, eloquentes do Terreiro do Paço, sem quebra dos laços nacionais. Somos portugueses e portugueses queremos viver e perpetuarmo-nos com a imortalidade da Pátria comum. Mas dentro dessa Pátria, como madeirenses, queremos ar, vida própria, liberdade para criar o nosso lar à nossa semelhança, segundo o meio, a fortuna, as possibilidades de querer e poder de povo que esmagou a rocha, domou o mar, criou relações fortes, relações morais, de sangue e de comércio e uma finalidade, um destino, maneiras de ser inconfundíveis. Atingimos a maioridade. Não precisamos que nos dêem a emancipação." (Manuel Pestana Reis, "Regionalismo/A Autonomia da Madeira/Falou já o sentimento; fala agora a razão", Correio da Madeira, 07.11.1922).
"Autonomia, quer dizer descentralização, ou melhor, descentralização política e administrativa, apenas. Isto significa que à sombra da bandeira de todos os portugueses se levantará a bandeira regional, particular dos madeirenses, com seu escudo e brasão d'armas. Não é um grito de revolta, mas simples petição de justiça. Adquirimos direitos, exigimos que os reconheçam e nos garantam o seu livre gozo e exercício." (Manuel Pestana Reis, "Regionalismo. A autonomia da Madeira", in Quinto Centenário do Descobrimento da Madeira, Publicação comemorativa, Funchal, Dezembro de 1922).
(Extractos retirados de: Vieira, Alberto (coordenação), História e Autonomia da madeira, Funchal, SRE, 2001)
Verdadeiras peças doutrinárias, fragmentos de um pensamento refrescante que nos deve a todos orientar.
2 comentários:
Simplesmente, amén.
Sou um autonomista convicto, ao contrário de muitos socialistas e sociais democratas cá da praça.
O Dr. AJJ reclama autonomia para a madeira mas impede a todo o custo a autonomia e emancipação das autarquias em relação ao governo (central) regional. Haverá coerencia?
Tino
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