7.6.06

Crónica de um olhar

Entrei ao final da tarde; algures entre o despertar da Lua e o nascer das estrelas, num bar para tomar um café. Lá fora, caíam vindas do céu umas gotas de orvalho. Era um anoitecer diferente. Minimalesco para o mês de Junho.

Abriguei-me ao lado de duas lindas flores. Leia-se jovens. Sobre uma delas cintilavam raios de luz vindos do tecto. Percebi o confortável peito e do delicioso rosto de uma, quando me sentei. Fiquei abesbélico. Ainda Resisti à tentação de voltar a olhar novamente para confirmar o que, os meus esbugalhados olhos tinham acabado de transmitir ao cérebro. Fiz como Cristo na cruz. Manti-me firme.

O mesmo já não conseguiu o cliente que estava numa outra mesa com um “neto”. Levantou-se e pediu lume a uma delas. Passados uns minutos voltou a aproximar-se. Por acaso da mais dotada. Compreendo o homem. Estava de frente para elas. Aparentava uns 60 anos. A idade de quem já viu e tudo fez na vida. No entanto, não conseguiu resistir.

Quem não gostou do repetido gesto, foi o empregado de mesa. Autoritário, dirigiu-se ao senhor e disse alto e em bom som: elas estão à espera dos namorados!

Sei que o homem ainda lhe retorquiu. Voltou para a mesa onde o aguarda o “neto” e passados uns minutos saiu porta fora.

Grande lata. Quer isto dizer que apesar da idade, o homem já não pode conversar com uma miúda? Os preconceitos só existem porque alguém os fabrica. E o empregado, quando chegar àquela idade, o que é que lhe vão fazer?

1 comentário:

Anónimo disse...

Angelino, então teu amigo Gonçalo nao ia falar da exposicao de fotografia? Diz-lhe que ele precisa de justificar o que anda a m.... E tu também que falas demais não falas da vergonha que se passa na no Largo do Municipio com Camara, SIRAM, empresas do sr. Ramos a mamar todos no mesmo saco. Deve solhar para aquela vergonhas e sentes-te bem, realizado, satisfeito pela merda de qua tu es cumplice pelo silêncio