26.7.06

Hezbollah não é o quê?

Um qualquer anónimo perguntou na caixa de comentários pelo semita, com certeza referindo-se ao Carlos Rodrigues, pelo facto deste colega blogger defender o Estado de Israel e a sua legítima luta pela defesa da segurança do seu povo. Não quero aqui fazer a defesa do Carlos, que nem sequer conheço (nunca falámos), pois a tentativa de ofensa é tão idiota que nem vale a pena, por um lado e, por outro, ele não precisa.
Não vou também falar da nível cultural de alguns comentadores, que em vez de discutirem ideias (hello, é para isso que a caixa de comentários serve!), se prazenteiam com a ofensa fácil e gratuita.
O que me leva a escrever hoje foi a observação do Paulo Camacho, na SIC, em que este se questionava sobre veracidade da afirmação israelita, que nomeia o Hezbollah de grupo terrorista. Então, se não são terroristas são o quê? Porque o movimento pode ter nascido como uma força de resistência de ocupação, mas o Líbano já não está ocupado há alguns anos.
E irrita-me que algumas cabecinhas bem-pensantes portuguesas tentem branquear as actividades deste grupo terrorista, que provocou inúmeros atentados terroristas durante anos a fio, que patrocinou e formou outros tantos, que continua a insistir na destruição do Estado Israelita. Eu posso não gostar da forma como Israel foi criado, eu até posso discordar desta ofensiva israelita (que, de resto parece-me inútil, pois apenas vai servir para reforçar o extremismo islâmico), eu posso até achar que Israel está a proceder como os seus inimigos, quando destrói habitações, instalações da ONU ou estradas, sem ligar às baixas civis, mas jamais poderei duvidar que o Hezbollah é um grupo terrorista que precisa de ser destruído, a bem da segurança do povo israelita e da paz no Médio Oriente.

PS - Não me admirava nada que qualquer dia Nasrallah seja proposto para Nobel, como um dia o foi aquele outro terrorista, entretanto re-baptizado de resistente, que deu pelo nome de Arafat.

7 comentários:

Sofia disse...

Olá Sancho,
Já sentia falta dos teus posts. Hoje você tocou num ponto que considero de máxima importância na comunicação: a diferença entre comentar e ofender. Vou ainda mais longe e digo que muitas pessoas e confundem "criticar" e "ofender". Muitas vezes o campo comentários (deste e de outros blogs) é usado de forma cruel e inconsequente, demonstrando total falta de respeito pelo "escritor" e seus leitores. Lastimável.
Abraços,

Anónimo disse...

Olá Sancho

O Hezbollah é um grupo terrorista, mas achas que a ofensiva se justifica? O Líbano estava a crescer imenso como destino turístico, Beirute era vista como uma nova cidade das mil e uma noites, de repente um país que nem país é, Israel, decide atacar o Líbano, invadindo a soberania de um povo, destruindo uma nação, centenas de vidas e centenas de famílias que de repente não têm país. Sou católica e muito longe de simpatizar com a religião árabe, apesar de respeitar, e com extremistas. Mas estou do lado da Palestina e do Libano, e contra o país artificial que é Israel, que só tem feito merda desde 1958. Isto serve ao Bush e aos ocidentais neo-colonizadores. Despois vem a enxurrada de críticas aos extremistas islâmicos. Ponham-se no lugar de palestinianos e libaneses, que ficaram sem terra, sem tecto e foram arrastados para as fronteiras convenientes, e sejam capazes de adorar judeus. Eu abomino.

Sancho Gomes disse...

Obrigado Sofia!

Cara anónima, não concordo com esta ofensiva israelita ou com a forma e acho que não se criam estados por decreto (em relação à criação da Israel). Mas a verdade é que, bem ou mal, Israel existe e não haverá qualquer solução para o conflito israelo-palestiniano que não passe pelo reconhecimento de Israel pelo Mundo Árabe. Quanto a adorar ou abominar, eu não sou maniqueísta!
Cumprimentos,
Sancho Gomes

Anónimo disse...

Olá Sancho

Concordo totalmente. Sempre que toca a "bater" em Israel surgem rapidamente os "fazedores de opinião" de serviço que procuram reescrever a História. É evidente que a opção de Israel por uma ofensiva em larga escala não parece grande estratégia, mas é revoltante ver tanta hipocrisia. Principalmente querer transformar os terroristas do Hezbollah em "guerrilheiros" e as zonas que ocupam, contra a resolução da ONU, em "áreas civis".
No Líbano e na Faixa de Gaza, a situação é idêntica: populações reféns de grupos de assassinos (Hamas e Hezbollah) que perdem os seus filhos, tratados literalmente como carne para canhão.
Este reescrever da História já aconteceu antes. Foi no Kosovo, onde um grupo de salteadores e assassinos de estrada, o UÇK, passou rapidamente a combatente da liberdade, foi na Somália, onde traficantes de armas e droga se tornaram "milícias". Agora é a vez do Líbano.
É óbvio que as vítimas do conflito, dos dois lados, chocam qualquer pessoa, mas é necessário separar bem as águas.
Nos últimos dias multiplicaram-se as manifestações contra Israel. Legítimas, desde que movidas por sentimentos altruistas. Só espero ver as mesmas caras na rua, com o mesmo fervor, quando se repetirem atentados como os de Nova Iorque, Londres, Madrid, ou em Israel....
Jorge Freitas Sousa

P.S. - Um abraço para o Alentejo. Tenho saudades de uma sopa de poejo e uns secretos de porco preto...

Anónimo disse...

Entre comentários ofensivos, e comentários com o nível cultural e capacidade de discussão de ideias do primeiro comentário a este post, que escolha a 3ª: fechar as caixas de comentários.
A bajulação é tão ofensiva quanto o insulto.

Anónimo disse...

Gostava que o peixinho me explicasse como é que Israel é Estado soberano. Diga-me qual o fundamento histórico da criação do Estado de Israel. Afinal não foi um depósito dos americanos, que ainda equacionaram a Argentina para pôr os judeus? De quem era a terra do Estado soberano de Israel?

Stéfane Rabelo disse...

Gostaria de contrapor sua opinião em alguns aspectos. Primeiramente gostaria de salientar que o Hezbollah, apesar de ser considerado um grupo terrorista pela potências, possuiu também um partido político que luta para alcançar sua legitimidade e distinção entre partido político e braço armado.
Em segundo lugar gostaria de lembrar que se o Hezbollah luta é porque suas terras estão ocupadas, ou melhor, invadidas pelo exército de Israel. Isso me lembra uma entrevista que vi certa vez no New York Times do Aiatolá Mohamed Hussein Fadlallah, líder espiritual do Hezbollah, que faço questão de reproduzir: “Ele [o Hezbollah] é acusado de ser terrorista é por causa das ações da Resistência Islâmica no sul do Líbano. Todos aqueles que resistem estão lutando pela sua liberdade, sua terra e seu povo, exatamente como os americanos lutaram contra o colonialismo e como os franceses lutaram contra a ocupação nazista. A presença israelense no Líbano não é legítima, é uma ocupação. A Resolução 425, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, demandou pela retirada incondicional de Israel. Os mujahedin do Hezbollah estão exercendo seu direito de lutar contra uma força de ocupação.”
E por ultimo, gostaria de lembrar também que o grupo tem ganhado sim apoio da população pq passou a ser visto como única defesa do Líbano, um país pequeno que ainda se recupera dos mais de 20 anos de guerra civil.

Meu cumprimentos
Stéfane Rabelo
stefanerabelo@bol.com.br