28.7.06

Só a televisão não chega

Ouve-se de tudo nesta guerra entre Israel, país próspero e invejado, e a fracassada civilização Árabe, medieval e tirânica. Coexistem, sobretudo na televisão, as opiniões mais superficiais com as ideias mais disparatadas. Mas há algumas coisas simples que convém recordar, as quais, claro está, não passam na televisão por parcialidade e por, acho eu, ignorância.

Se o espectador português, em particular, e o europeu, em geral, não fossem apenas informados pela “caixa”, ficariam a saber que as justificações dos judeus têm tantos e mais séculos de história do que as do lado árabe. Saberiam também que a primeira “afronta” veio do lado palestiniano com um atentado.

Saberiam ainda que, e embora Israel tenha ficado com pouco mais de metade do antigo território da então Palestina (54%), 60% dessas terras eram puro deserto. Parte desse deserto foi sendo convertido em terra fértil através do trabalho, da sabedoria e da ciência, coisa que nenhum estado árabe seria capaz de fazer, e pior, não quer fazer.

Claro que quem só vê um lado mais não conseguirá ver. Vai daí que ser informado pela RTP, SIC e TVI não chega manifestamente para entender o mundo, e muito menos este conflito.

E nisto, temos que levar com o “repórter de guerra” José Rodrigues dos Santos. Repórter que nunca se suja, transpira ou despenteia. Repórter que vê colunas de fumo de bombardeamentos a 100 metros dele, quando todos vêem que no mínimo estariam a um quilómetro. Também outro “repórter de guerra” português, mas da SIC, parece desconhecer por completo que o Hezbollah usa ambulâncias carregadas de dinamite e que as suas “trincheiras” são exclusivamente casas de civis. Ninguém explicou ainda a Paulo Camacho que, nesta guerra, o Pai Natal já não existe. Ninguém lhe explicou que na ânsia de enviar “filmes de acção” deturpados para Portugal, é provável que o seu regresso já não se faça pelo seu próprio pé. Foi em missão, foi pelo dever de informar. Está bem está.

Para não ter que ver e ouvir estas falácias todos os dias, e para não ter que corromper a simpatia que há muito tenho por Israel, desligo a televisão, pego num livrinho e vou para a praia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Vai, leva o Bush e a Rice. Pode ser que torrar os neurónios lhes mude a estratégia no médio oriente!!!

Anónimo disse...

Essa de Israel ser um país prospero tem a sua piada. O PIB per capita de Israel é inferior ao português.
Israel vive do financiamento dos EUA.
O bem mais valioso que Israel tem para vender é a sua inportância geográfica, e pouco mais.

Anónimo disse...

Constato que caiu no erro de procurar atenuantes para a ocupação israelita do território palestiniano – o que só por si é revelador – e que se socorreu do argumento sobre o eventual declínio civilizacional da população árabe – adiantado por vários estudiosos e relembrado por Vasco Pulido Valente no último fim-de-semana.
Note, contudo, que todas essas atenuantes ou causas remotas, mesmo que subscritas por V. Pulido Valente ou “reveladas” pela Reader's Digest, subvertem grosseiramente a nossa própria ordem de valores.
Ao convocar o esforço, o trabalho e conhecimento cientifico dos israelitas para atenuar as condenações de Israel pela ocupação dos territórios palestinianos (ou palestinos, como parece ser mais correcto, mas enfim), saiba que, à luz desse raciocínio, se poderá justificar a perda da independência de Portugal ou da autonomia madeirense!
Quanto aos primeiros atentados, sabe como é que os primeiros israelitas expulsaram os britânicos, logo após o esboço das fronteiras?

Magno Velloza disse...

Recomendo ao anónimo preguiçoso e, pelo visto, ignorante, que leia o post "Portugal e Israel".